terça-feira, 12 de março de 2002

quantos olhares existem para a mesma vista?
se tu olhares para aquele lado ali, aquele que meus olhos apontam, aquele que meu nariz insiste em me mostrar, na direção do céu aberto, do seu céu aberto, onde não há nada acima, e o olhar pode se perder, onde a onda não chega, onde o horizonte termina, onde avistamos a dobra do mundo, onde os azuis e verdes se confundem, será que tu virás a mesma coisa que eu?

resta-me perguntar apenas.
e enquanto houver perguntas, há algum motivo para continuar.
essa é a certeza. e isso me tranqüiliza.
como se eu tivesse que apenas colocar uma interrogação ao final de uma frase aleatória.
como se eu tivesse que teclar, escrever, falar, juntar sílabas, palavras, frases e até letras sem ordens.
e depois apenas colocasse um sinal.
alguém já disse que tudo já foi dito do nada. pois tudo está contido no primeiro instante que para ser instante deve conter todo o seu inverso intrínseco. Como se o negativo fosse parte integrante do positivo.
e se só houvesse a definição de algo se houvesse algo para negar esse algo inicial.
como se só houvesse o sim e o não e todas as nuanças que intermedeiam esses vértices.
como se fosse tudo ligado e ao mesmo tempo livre.

ah, os maravilhosos paradoxos.

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