domingo, 12 de janeiro de 2003

Poderia resumir tudo numa diferença de opinião sobre o Woody Allen. Ela não suporta e eu acho um dos melhores cineastas em atividade. Talvez o maior.

A tarde começou com uma idéia de personagem. Duas pessoas que tinha poucas coisas em comum. Ela era junkie, ele era apenas um boêmio com um discurso contrário a drogas, ela gostava da noite, ele de ir à praia, ele tinha feito engenharia, ela sociologia. Para falar a verdade, havia apenas uma coisa em comum, os dois gostavam de vôlei. Eu sei que não é algo que pode juntar duas pessoas por muito tempo, eu sei que se não houver tantas semelhanças os dois logo se separarão, eu sei que as diferenças pesam com o tempo, mas e daí? A ficção comporta qualquer tipo de atitude, não vale a verossimilhança, vale o que parece. Poderia escrever algo que começasse com um diálogo num bar, o único point em comum dos dois, sobre vôlei, ele diz que gosta muito do esporte, é o favorito dele, ela afirma que jogou por muito tempo, mas desistiu, porque não conseguia conciliar a vida etc., etc., etc. Os dois, após alguns chopes dele, e umas doses de uísque dela, estariam aos abraços e beijos, sem nenhuma outra explicação, apenas a vontade de ficar junto.

E a tarde terminou com mostras que a vida real pode ser, e na maioria das vezes é, exatamente o inverso. Pessoas que são bastante parecidas, mas por ter pequenas desavenças e pensamento em desacordo, não conseguem ficar juntos. Toda vez que essa diferença emergia, ela desistia de continuar. Não adiantava pedidos de segundas chances, de segundas tentativas, de segundas épocas. Tens apenas o primeiro tiro, ela pode até ter pensado. Se errares o alvo, estarás perdido. (O tempo do verbo correto é apenas decorativo).

E agora, fico aqui, na tentativa de me convencer de que realmente não havia nada que eu podia fazer. Nada que eu tentasse mudar. Qualquer ato meu poderia reverter em mágoas para ela. Eu que complico, eu que provoco a dor, eu que sou o culpado, mesmo.

Se pedisses outra alternativa, machucaria novamente. E de novo. E mais uma vez.

Fico no meu canto apenas. Só isso.


Nenhum comentário: