terça-feira, 1 de julho de 2003

para tirar o gosto de azedo da boca... por tempo determinado.

A pedido do editor...

Cinema. Pequenas imagens de trinta e cinco milímetros em seqüência. Mas podem ser de dezesseis milímetros, e até oito apenas. Vinte e quatro delas em apenas um segundo, ou, já fizeram isso em épocas passadas, apenas dezesseis. Projeta-se uma luz através da película. Projeta-se, junto, imagens numa tela enorme. Cresce toda a imagem que é pequena dentro da película. Na tela branca, dentro de uma sala escura, as imagens, todas as imagens que a película pequena contém, ficam grandes. Queima-se a película com luz e com luz projeta-se na tela branca. Começou mudo, começou apenas retratando cenas do cotidiano, começou de maneira mambembe. Descobriram que poderiam produzir obras ficcionais e logo o fizeram. Perceberam que é possível enganar o tempo e adivinharam uma grande arma desse treco. Assim, mostra-se apenas a imagem grande que na película pequena ficou legal. Alguém, algum dia, percebeu que nenhuma outra forma de representar historicamente, ou apenas criar realidades diferentes, era tão precisa quanto ele. Nem o teatro. Única formato que é em conjunto, onde é praticamente impossível criar sozinho. Praticamente, apenas. Criou-se como um fenômeno físico-químico, derivado da fotografia. Porém, hoje, como também ocorreu com a fotografia, e quase tudo o que nos rodeia, sofre – talvez haja alguma palavra melhor – influência direta dos meios digitais. Agora são bites e bits, para usar uma expressão na moda. Entretanto, é válido ressaltar, o conceito original ainda é o mesmo. Ou talvez não. Talvez todos os conceitos caíram, mas aí é outro tipo de conversa. Voltemos. Cinema. Arte de... Arte? Sétima naquela lista. Mais jovem que todas as outras. Claro, é a única que já nasceu com aparato tecnológico e órfã de uma indústria. Arte de projeção, dizia. Projeta-se naquela tela o que quiser. Cria-se um novo universo e quem o assiste enxerga exatamente o que foi projetado. Sim, interpretações são infinitas, mas você enxerga exatamente aquilo. Quem cria, só cria o que é projetado. O que queimou a película, ou foi gravado num arquivo digital, e que é projetado na película. Apenas um fenômeno óptico. Algo a ver com luz e imagens em movimento. Ou projeção, sabe como é, né?

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