quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

Filmes:

Vi "Lost in Translation" aqui.

Ao final, divaguei sobre os filmes e suas classificacoes, de maneira que possa dividi-los em grandes grupos: os grandes e os pequenos. eh simplista, eu sei; deixa algumas lacunas abertas, eu concordo; mas a teoria cabe perfeitamente aqui, e soh isso ja vale a pena o tempo perdido.

Claro que essa divisao nao decodifica nada sobre a qualidade dos filmes. Apenas, a forma como o filme te ganha - ou nao te ganha. Podem ter outros nomes que substituem os que eu dei - e os outros, eu acho ateh melhores que os meus - mas como foram esses nomes, simplistas ate a medula, que apareceram na frente dos meus olhos, deixemos essa pseudo-teoria quase virgem, por assim dizer. `As explicacoes, pois.

Os grandes filmes sao aqueles que te arrebatam independente da sua vontade de ser arrebatado ou nao. Eles te puxam da cadeira e por mais que esteja acontecendo uma briga do seu lado, vc nao consegue desviar sua atencao da tela de maneira nenhuma. Sao filmes com alguma ou muita acao. Exemplos bons desses: Apocalipse Now (acho que eh o filme grande por excelencia), Mystic River (aquele misterio do filme te pega pelo pe), Touro Indomavel (o que sao as cenas de luta?), Guerra nas Estrelas, todos (precisa explicar?). Enfim, quase todos do Spielberg, do Coppolla, do Scorcese, do Oliver Stone, esses americanos da mesma escola.

Jah os filmes pequenos, sao aqueles delicados, com poucos dialogos sugestivos, ou enormes conversas que tentam traduzir todo o drama humano sobre a terra, ou apenas uma parcela dele, mas de maneira bastante significativa. Eles nao te abduzem, eles apresentam uma ponte em que vc pode subir se quiser. Sao menores porque nao sabem ser grandes, falam de pequenos dramas porque o imaginam universais. Exemplos: Todos do Woody Allen, esse Invasoes Barbaras, e o Lost in Translation.

O problema desse tipo de filme, em comparacao com aquele, eh a necessidade suprema de estar conectado com o filme. Caso alguma coisa aconteca fora da tela, eh possivel que toda a sua concentracao vah por agua abaixo. As informacoes sao tao sutis, as modificacoes sao tao infimas, o ritmo do enredo eh tao pausado que vc pode comecar a pensar nas contas que tem para pagar ou no que vc vai comer depois do cinema.

(eh melhor deixar claro que nao prefiro esse ou aquele. Pelo contrario)

O meu problema era com a minha irma que estava sentada ao meu lado e, visivelmente, achava que nao estava acontecendo nada de importante na tela. E, como tinha sido eu a escolher tao filme, me senti um pouco culpado por te-la levado. Assim, toda vez que a observava com a mao sobre o queixo, ficava preocupado e toda a minha conexao caia. Tinha que comecar a discar tudo novamente.

Mesmo assim, o filme tem alguma coisa de diferente dos outros - o que eh o maior elogio que alguma producao pode receber. Nao consegui isolar esse fator, mas eh perceptivel que ela (Soffia Coppola, filha do homem, casada com Spike "Adaptation" Jonze, irma de Roman Coppola, amiga de Michel Gondry e Charles Kaufmann) consegue fazer diferente.

Alias, soh o Bill Murray jah valeria o ingresso. Ele nao eh daqueles comediantes que tentam fazer graca sobre os outros. Ele eh dos autodestrutivos... Quanto mais vemos sua desgraca, mais nos sentimos iguais.

Bem, sobre o filme especificamente, aconselho o artigo da Carla Rodrigues no Nominimo. Concordo com ela quase de alto a baixo (a unica diferenca eh que ela tem uns vinte anos a mais que eu em leitura - independente de sua idade e da minha).

Nenhum comentário: