segunda-feira, 22 de março de 2004

Shows

Conheço - moro com - dois sujeitos que não fazem nenhuma questão de ir em shows. Dizem que não gostam da bagunça, nem de ficar suados, e que o som em casa passa a mesma informação/emoção. para eles. Para mim, isso é o atestado de insanidade mental temporária deles. Gosto daquela gente se empurrando, cantando em coro o refrão da música, sendo regida pela banda. Uma das melhores lembranças da minha vida foi o Rock in Rio 3, dia 13, com a finada Cássia Eller (nesse momento encontrei com vários amigos e abrimos uma roda imensa ao som de "Smell like Teen Spirit" sob a benção dos seios, direito e esquerdo, de dona Eller) Beck, Foo Fighters (o que foi cantar parabéns para ele?), e R.E.M. (Na hora que o Michael Stipe adentrou o palco, o povo-polvilho urrou de uma catarse prazerosa, de uma alívio, de agradecimento, em homenagem... sei lá, foi espetacular).

Inesquecíveis também foram os shows menos grandes, na adolescência: Iron com o gordo do Bailey, antes da maidenmania atual, Bad Religion (um amigo meu estava com a sua "amiga", e quando ouviu os primeiros acordes de "American Jesus", a largou para só encontrá-la ao final do espetáculo. Lembro que ele me disse que até tinha se planejado ficar com ela, mas, não se conteve...) e um do Offspring (onde o Dexter quebrou bonecos dos Back Street Boys). Também rememoro sempre o Rappa no Canecão, abrindo para o Asia Dub Fundation (discuti com um amigo meu o show inteiro), e o Los Hermanos, tanto no palquinho do Cine Íris, no lançamento do segundo disco, quanto no Canecão, no do terceiro...

Mesmo assim, não consigo ir em tantos shows quanto gostaria. Lembro de uma conversa que tive com a minha mãe assim que descobri que não poderia ir no show do Ramones na turnê "Adios Amigos", porque não tinha idade suficiente. Ela me respondeu para ter paciência porque quando chegasse a minha vez, teria novas bandas para eu assistir... Coitada, não sabia o que estava me profetizando. Sim, há sempre bandas que quero ver, mas e as coincidências que não me permitem ir a eles?

No penúltimo Free Jazz (Ih, lembrei que também vi o Roni Size fazer uma apresentação didática do que era "Drum" e "Bass" - sensacional. E, o show do Sigur Rós, onde era impossível ficar impassível... e o show do Mogwai, no cais do porto, onde as pessoas estavam literalmente hipnotizadas, sem reação e o som, de tão alto, derrubou um pedaço do teto...), voltando: no penúltimo Free Jazz, a organização conseguiu trazer, nada mais, nada menos que o Sonic Youth. Tinha desistido de tentar porque era (era?) um completo e infinito duro. Mas, como murphy é um filho-da-puta sem mãe e sem alma, um ingresso pintou para mim, horas antes do show, de graça... Já tinha marcado uma entrevista de estágio para o dia seguinte e naquela época ainda tinha algum senso de responsabilidade... Só me restou ler as matérias no dia seguinte, depois da entrevista do estágio, que, pelo menos, veio a me contratar.

Ano passado, teve Ms. Betty Gibbons, White Stripes e toda uma programação descolada no tal Tim Festival. Não fui porque os ingressos acabaram duas semanas antes do previstos - por mim. Agora, 'tô aqui nesse frio e rola o Norman Cook na praia do Flamengo, dava p'ra ter ido a pé... Mas fiquei um pouco mais tranqüilo quando o amigo que vou visitar em Massachussets me disse que rolaria Bob Dylan numa pequena boate lá. (acabei de lembrar que vi Eric Clapton na apoteose, foi o show mais, como direi?, deliciosa da minha vida.); o bardo normalmente faz apresentações para multidões e abriria uma exceção para mim (:O))... olha que legal. O problema, o de sempre: os ingressos acabaram em rapidamente. Por isso, você que comprou os ingressos para Pixies em Curitiba, não me dirija a palavra sobre tal assunto até depois do show. Ou melhor, nunca. Pode apagar esse assunto das pautas para conversas comigo. Não precisa me contar como foi, ou o quanto você gosta deles, ou como está a programação do CPF esse ano. Eu realmente não me importo com isso, 'tá bom?

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