quinta-feira, 18 de março de 2004

Sobre a FL.

Agora que me desliguei da Florida, que tenho tempo e um (alias dois) computador(es), pensei em escrever sobre o mais brasileiro dos estados americanos. (A afirmacao pode parecer presuncao, principalmente de alguem que nao conhece nem 20 provincias americanas, mas nao eh. Duvido que haja algo tao tupiniquim quanto a ponta mais meridional e oriental americana)

Porem, percebi que, tirando esse ultimo parenteses - que eu nao vou destrinchar mais do que estah, nao tenho muita coisa para dizer sobre aquele lugar calorento e caloroso onde tiveram o maior problema da democracia americana, nas ultimas eleicoes presidenciais, ha longiquos quatro anos atras. Porque, simplesmente, nao conheci o lugar, eu mesmo. Ficava tanto tempo enfiado dentro da loja, onde servia de escravo branco, que nao pude conhecer o way of life de lah.

Posso sugerir alguns detalhes, apenas pelo que eu ouvi, ou vi. Como eh um lugar de calor, dentro de um pais inteiro soterrado pela neve, obviamente toda a costa floridense se torna ponto de encontro de pessoas de todos os lugares dos eua. Via mais placas de Nova Iorque e Massachussets que da propria Florida. E, das poucas pessoas locais, menos ainda eram naturais de lah.

A Florida eh um lugar de fuga. Vai para lah quem quer ficar perto do calor, perto do turbilhao de consumo que sao os estados unidos. Nem preciso dizer que encontrei brasileiros quase pendurados em arvores. (Isso eh um exagero, mas gostei da imagem). As cozinhas dos restaurantes tinham como idioma oficial o espanhol; e se 12,5% da populacao americana se diz latina, uma boa parte dela estah na Florida.

Tirando isso, os americanos WASP que vao para lah, estao todos contentes e felizes e sorridentes. E com muita vontade de gastar todas aquelas economias que eles sofreram tanto para juntar o ano inteiro passado. Frase de efeito, para parecer pseudao:Norte-americano nao economiza, gasta. (Inclusive eh isso que faz a maquina economica americana girar, mas isso eh papo para outro dia).

O primeiro lugar que tinha side-walk. Achei um bom detalhe, porque na Carolina do Sul, tirando o Downtown da cidade onde estavamos, ignoravam que poderia haver alguem que pudesse, quisesse, tivesse a pretensao de andar a pe. Em Buffalo, 'tadinhos, todas as calcadas estao soterradas por quilos de neve. Mas, mesmo assim, ninguem andava a pe. O maximo que vi foram mexicanos andando de bicicleta. Ou senhores com senhoras passeando de maos dadas no entardecer - que, vale o detalhe, eh lindissimo.

AH, lembrei de uma coisa interessante: a praia tinha quinze milhares de tipos diferentes de passaros. Pelicanos, gaivotas, albatrozes e outros que nao suspeito o nome. Um dia, ateh, tentei comer um sanduiche de pao e queijo, pobrezinho, na praia e milhares de gaivotas ficaram rasando minha cabeca, sugerindo que eu deveria compartilhar com elas. Como eu sou um pouco lento (adoro eufemismos), demorei ainda alguns segundos para perceber que eles nao diferenciariam minha mao do pao e soh entao adentrei o hotel que estava.

Mas o lugar era legal. As pessoas eram extremamente mais calorosas (tirando o lugar onde eu trabalhava, onde, parecia, queriam balancear a simpatia que emanava nas ruas sendo todos grosseiros e anti-paticos) que na Carolina do Sul, onde conheci pessoas ordinarias, sem nenhum vinculo comigo. Sempre querendo ajudar, dar uma carona, ou apenas, mesmo, conversar para saber de onde vc vinha e o que fazia ali. Teve um argentino que eu encontrei umas quatro vezes, sendo umas tres nos ultimos tres dias que ficaria ali, e todas as vezes ele me convidava para comer um "barbecue", para "hang on". Engracado, nos conversavamos em ingles, mesmo que ele seja meu vizinho de pais e fale uma lingua razoavelmente parecida com a minha... Coisas do monopolio mundial.

Depois escrevo mais.

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