terça-feira, 20 de abril de 2004

Neo-Luddismo.

Fiquei sabendo que agora ao tentarmos baixar alguma música do Kazaa (o mais popular deste tipo de programa) quase metade dos arquivos vem com vírus. Depois de destruírem o Napster - o propagador dessa cultura de troca de informação pela internet - o Sistema resolve literalmente aterrorizar (no sentido de praticar o terror ou promover atos terroristas) os usuários online.

Parágrafo para dizer que não há como ter prova que foi o Sistema (representado aqui pelas grandes gravadoras que perdem uma boa grana com essa gratuidade) o autor desse ato de criminoso, mas que é muito estranho, isso é inegável.

De certa forma, ao receber essa informação, me lembrei da história de Ned Ludd. (Para quem não sabe: lá atrás, na primeira revolução industrial, quando o Brasil ainda engatinhava, alguns trabalhadores na Inglaterra, organizados por esse tal Ludd, ao perderem seus empregos pela entrada das máquinas, resolveram culpá-las e destruí-las em massa. Claro que não adiantou muito e logo em seguida havia mais máquinas que homens para combatê-las. Os combatentes da tecnologia se chamaram Luddistas e o movimento, Luddismo.) A diferença mais absurda é que agora não é o povo que combate os avanços, mas o próprio Sistema, que cada vez mais se torna liberal no discurso e conservador na prática.

O óbvio ninguém se alvitra: faz-se mais que necessário promover formas alternativas de ganhar dinheiro com essa nova realidade de troca de música de graça pela rede. Se me pergutarem que opções eles têm para dissolver o problema, eu não vou saber responder, mas até soluções ridículas (como por exemplo focar o rendimento em material de merchandising dos artistas, ou em shows ou em produtos diferenciados) são menos violentas e grotescas que as atuais. Qualquer coisa que fizerem é mais correto que contaminar a culha qualquer PC que queira escutar uma musiquinha só de um artista desconhecido.

A sorte, para o nosso lado do tabuleiro, é que sempre desenvolveremos formas de burlar essas barreiras burocráticas criadas pelo Sistema. A mais simples é usar outro programa de troca de arquivos. Aliás o Kazaa só existe porque o Napster e depois o Audiogalaxy agonizaram até findarem-se. Não é segredo para ninguém que hoje existem softwares dessa natureza que usa como servidor a máquina do usuário, ou seja, não há matriz, ou quem culpar por essa "liberdade" on line (me recuso a usar a palavra "pirataria"). Então, basta-nos, a nós civis que somos envenenados por gás sarin nos metrôs das capitais mundiais, que sofremos com quedas de prédios ou bombas em trens, procurar combater de nossa maneira: trocando mais e mais arquivos.

ps. O Soulseek, 'tadinho, parece devagar demais, desde que voltei da casa de minha irmã nos states. Será que também foi "contaminado" pelo Sistema?

ps2. Não me perguntem qual é o programa da moda porque o estou desatualizado nessas coisas.

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