terça-feira, 4 de maio de 2004

Amadeus

O título talvez seja o nome menos conhecido de Wolfgang Mozart, mas nem por isso menos representativo. O filme de Milos Forman (que revi ontem) tem essa maior qualidade: mostrar os bastidores da vida de um gênio.

Mas deixemos a história se repetir para lá. O pensamento de que o cara para ser fora-de-série deve ser um impulsivo, já passou por aqui há tempos. Vários outros comprovaram o contrário: que através do trabalho também se chega à perfeição. Eu não quero falar sobre isso.

A minha idéia fica presa num único detalhe do filme. Quem não o viu, que me desculpe, porque é examente no final. Salieri vai ajudar Mozart a escrever seu próprio réquiem e naquele momento ele consegue entender - não absorver, mas de ter noção - como funcionava o processador musical do mais conhecido autor de Salzburg. Ele se torna uma espécie de cúmplice. Tinha chegado ali porque existiu grande parte de sua vida sabendo que nunca seria o melhor, porque tinha um fora-de-série ao seu lado, invejando aquela situação de viver através e pela música, independente de qualquer outro aspecto. Tentando fazer de tudo para acabar, ou pelo menos abafar, a carreira do austríaco. E chega no seu último suspiro e se torna uma espécie de assessório indispensável.

A partir dali ele não quer mais que Mozart morra, ele quer se transformar em seu amigo, confidente, muleta, o que for possível ou necessário. Mas não dá mais.

Salieri diz que ficou 32 anos remoendo a morte do companheiro. Sentindo uma culpa de ter matado um homem que vai ser lembrado para todo sempre como um dos mais importantes do mundo, independente do ramo de conhecimento. A inveja depreciativa e destrutiva se transformou numa mágoa, culpa. Todos sentimenos nada saudáveis.

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