segunda-feira, 28 de junho de 2004

Bush, os americanos e a guerra no Iraque.

Gerardo, grande amigo meu, me disse em tom sarcástico que estava torcendo para Bush nas próximas eleições nacionais americanas. Sua argumentação era o simples “quanto pior para eles, melhor para nós”. Bush claramente é a pior opção para os americanos, e não precisa ser um cientista político para enxergar isso. Por isso, um governo de oito anos nas mãos desse sujeito, que aparece de vez em quando com arranhões no rosto e alega que apenas engasgou com um pretzel e caiu no chão – e todo mundo acredita –, seria a melhor forma de humilhar a nação mais prepotente e armamentista do Globo na atualidade.

O que ele diz em tom de piada é muitas vezes defendido com veemência por uma maioria “formadora de opinião” – seja lá o que isso queira dizer hoje em dia. Há uma insatisfação generalizada por parte de uma classe média que pensa e que ainda está fincada na era do capitalismo versus socialismo, ou o bem contra o mal, como queiram chamar. Eu até entendo esse ponto-de-vista, não é nada fácil gostar do tio Sam, mas essa idéia não me apetece de maneira nenhuma. (E olha que eu tenho alguns motivos para querer que os states se explodam – literalmente).

Hoje recebi a informação de que meu cunhado, namorado de longa data de minha irmã mais velha, a que mora nos estados unidos há sete anos, ele americano, eleitor do Bush nas últimas eleições, defensor da democracia americana, republicano de carteirinha, mas super, super gente-fina, vai ser enviado para o Iraque.

Ele é um dos reservistas americanos e, agora, depois de muita apreensão, ansiedade, reza por parte daqueles que acreditam, e a um ano de sua aposentadoria das forças armadas americanas, ele irá cumprir o papel que lhe cabe na democratização do Estado iraquiano.

Já ouço e vejo alguns dizerem: “bem feito, quem mandou votar no homem”. Mas eu não posso pensar assim, tão simplesmente, tão singelamente. Não devo acreditar numa vida de mão dupla, apenas. Onde um olho valha outro olho e somente outro olho, e não possa ser substituído por nenhum outro tipo de valor. Principalmente quando a mulher que ficará em casa chorando e apreensiva pela volta do soldado será a minha irmã. E principalmente quando a única pessoa mais familiar que ela tem lá é ele.

E até por ele. Ele, em diversos momentos, demonstrou ser uma pessoa de caráter irrepreensível. Me ajudou em todas as oportunidades que pôde, e era absurdamente carinhoso com minha irmã. Quando soube que consegui esse estágio mequetrefe na qual vos escrevo, fez questão de me ligar para me parabenizar.

Por isso, e somente por isso, não preciso de mais nenhum outro argumento, quero que o Bush – nem ninguém que represente essa sua doutrina de linha ortodoxa, cristã, direitista - nunca mais assuma nenhum cargo público de qualquer natureza. Quero que ele se aposente e seja lembrado como um exemplo. Exemplo de política que nunca mais deve ser seguida, em momento algum, e por nenhum motivo.

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