quarta-feira, 4 de agosto de 2004

Mordendo a língua

Arthur Dapieve escreve em sua coluna no Nomínimo sobre a aproximação do rock progressivo com o que é chamado pós-rock, uma tentativa de recriar o cinqüentenário com outras vertentes musicais, sem nenhum preconceito de origem ou cor.

Sua comparação faz bastante sentido, principalmente se considerarmos que ambas "vertentes" tem o mesmo princípio (modificar o and roll) e método (incluir cordas, eletrônica, criar climas etc).

Desta aproximação, apareceu um nó tático na minha cabeça caricata: Não gosto do progressivo e sou fã de todas as bandas que ele cita para exemplificar o pós-rock. Repito-as para que todos também se identifiquem (e dividamos esse peso): "O grande expoente (...) Radiohead. Além dele, eu nomearia o islandês Sigur Rós, o escocês Mogwai, o americano Tortoise, o canadense Goodspeed You Black Emperor! e o espanhol Migala".

Este último é o único provável desconhecido, e, bem por isso, objeto principal deste seu texto e de outros antigos no Segundo Caderno. Para confirmar sua tese, baixei dois cds dos moços e, sim, eles podem ser incluídos nessa galera.

Feita essa confissão de preconceito, peço algumas poucas linhas em minha defesa.

Talvez o que me incomodasse no progressivo seja a imensa pose, que é bem característica da década de sucesso, os 70. Muito por isso foram destronados pela anti-pose (mas que, a bem da verdade, não deixa de ser também fake): o punk.

O incontestável é que o roque en rou morreu num suicídio da década de 90 e o que tocam agora é apenas uma autofagia. Pelo menos esses aí de cima saem mais do lugar que os "concorrentes", fazendo algo mais (como fugir dessa palavra?) maduro, cerebral, próprio para um gênero de sua idade.

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