segunda-feira, 16 de maio de 2005

O país que sabia português

Há algumas colunas, Élio Gaspari criticou o Ministro da Saúde Humberto Costa que, ao se referir às mortes de crianças índias, saiu-se com algo desse gênero: o número (de óbitos) está dentro da estatística. Gaspari está certo. O ministro foi infeliz em associar a informação fria (dos números) com a carregada de emoção (as mortes). Soa, no mínimo, indelicado.

Hoje nos jornais está o seguinte: no Paraná, um jovem morreu depois de apanhar muito de policiais. O chefe de polícia, num lapso, soltou que o incidente era "acidente de trabalho". Foi despedido.

Fica uma pergunta: o comandante da Polícia Militar de Londrina, major Manuel da Cruz Neto, foi afastado do cargo porque deu a declaração ou porque deixou que tal absurdo acontecesse? Não está claro.

Autoridades públicas devem ter cuidado com o que falam, claro. Vide os deslizes semanais do presidente Lula e como ele vergonha quem o escuta. Mas eles seriam, assim, tão importantes?

O incentivo é pela clareza, sempre, mas me deu a impressão que o dito é mais considerado que o feito. Como se uma palavra fosse mais importante que mil ações.

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