terça-feira, 21 de junho de 2005

Herói ou anti-herói?

Cabine de "Extremo sul" numa terça de manhã chuvosa. No cinema, eu, um camarada meu, duas pessoas do Canal Brasil e o Jaime Biaggio. Esperava um filme National Geographic, mas, não. Foi, digamos, surpreendente.

E a estragarei, caso realmente haja alguma supresa. Contarei rapidamente e em cronologia os acontecidos. Cinco escaladores super-homens, capazes de sobreviver com pouca comida, em baixas temperaturas, organizados, trabalhadores, etc. resolvem subir uma montanha na Tierra del Fuego, no lado chileno. O pico é tão inóspito que só houve, em toda a História, três expedições que alcançaram o seu cume. Mas eles aparentam determinação e nada os impedirá.

Até aqui, acho curioso o domínio que eles têm da câmera e como conseguem fazer certas tomadas muito bem fotografadas, mesmo quando os cinco estão em quadro. Depois de alguns contratempos, montam o acampamento final, último passo antes da escalada definitiva.

Então algo sai dos planos. Percebemos que tudo é fake. Há uma equipe enorme por trás deles que capta todos os movimentos, escaladores de apoio, e os próprios alpinistas "protagonistas" não são aqueles corajosos que haviam nos apresentados. Depois de algumas reuniões, eles simplesmente desistem de subir a montanha.

O filme, que era para mostrar como o homem domina a natureza, se transforma em uma longa entrevista na tentativa de convencer as personagens principais a terminarem o caminho. Mas eles estavam com medo. Pelo menos é isso a que assistimos. Homens antes imbatíveis, estancados ante o perigo iminente.

Se o longa fosse um pouco mais envolvente, poderíamos estar aqui divagando sobre o que é realmente importante para o ser humano. Voltar para casa sem ter concluído a missão, por puro medo - pelo menos é que o aparenta o filme - ou morrer tentando? Ou, como já parafraseou outros muito mais conhecidos: navegar é preciso, viver não é preciso?

Ao invés disso vemos a indignação da diretora Monica Schmiedt ao final do filme. Provavelmente ela deveria estar pensando na ótima oportunidade que ela perdeu e em quanto dinheiro brasileiro de renúncia fiscal ela gastou à toa.

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