segunda-feira, 20 de junho de 2005

Le notti di Cabiria

É conhecida a admiração de Fellini pelos espetáculos visuais e imagens grandiloqüentes, mas pouco se fala sobre o Fellini amargo. Em muitos filmes, suas personagens são desiludidos, decepcionados com o mundo ou com os homens, ou simplesmente gente querendo achar o seu rumo.

A diferença, no caso felliniano, é que seus protagonistas podem sofrer durante todo o desenrolar da história, mas ao final, ao invés de se matar, dirão somente "é a vida" e prosseguirão.

A interpretação desta conclusão, como sempre acontece, é dúbia. Os otimistas defenderão a tese que vivemos num mundo escroto, mas devemos nos acostumar a ele. Por isso não se deve remoer as dores passadas. Já os pessimistas enxergarão as personagens como fracas de espírito que não conseguem resolver os seus problemas ou, simplesmente, como alienados. Preferem viver sob um manto de felicidade - que considerarão falso - à encarar a verdade.

Eu, como sempre, fico no meio termo. Acho que não se deve esquecer do passado, mas tê-lo como única referência só trará medo e covardia.

Mas não era exatamente isso que eu estava em mente quando comecei a escrever. A Cabíria do título é Giulietta Masina, mulher do diretor e atriz de grande parte de seus filmes. Usa esse nome só na noite já que a sua profissão não condiziria com o real, Maria. Sobrenome? Cicarelli. Achei que isso valeria um post.

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