sábado, 4 de junho de 2005

Mr. Allen Konigsberg

Introdução: Lembro que Arthur Dapieve escreveu, há diversas semanas/meses, falando sobre a representatividade White Stripes em comparação com os Strokes. Afirma que estes serão lembrados para sempre como os, talvez, melhores representantes da que um dia será chamada geração 00. Contudo, ele preferia os primeiros. Sem muitos argumentos racionais, apenas porque eles são menos perfeitos. Volto ao tema White Stripes daqui a pouco. Fim da introdução.

Vi "Melinda e Melinda", mas não me peçam um julgamento justo. Apesar de reconhecer outros diretores de maior expressividade, Woody Allen é o sujeito que escreve/dirige os filmes que mais me identifico. Acho que isso acontece com todos os neuróticos. Sei que Alfred Hitchcock é, provavelmente, o maior diretor de todos os tempos, sei que Allen nem sempre acerta em cheio, mas o caso aqui não é julgamento. É identificação.

Por isso, resolvi propor uma brincadeira para mim mesmo: escolher qual é o melhor Woody Allen das telas. Atores que tenham interpretado os protagonistas dos filmes do novaiorquino abusando dos cacoetes do diretor/roteirista. O próprio não valerá, por motivos óbvios, entrando na categoria hors-concours. Utilizarei para tanto dois instrumentos: IMDb (superconfiável) e minha memória (totalmente falha). Erros, dúvidas e curiosidades, comentários abaixo.

"Alice" - Mia Farrow não respira um minuto de tão frenética na história dessa dona-de-casa entediada;

"Bullets over Broadway" - John Cusack é um escritor para lá de inseguro que houve os conselhos de um gângster na comédia sobre teatro;

"Celebrity" - Keneth Branagh quer ser escritor e gagueja do início ao fim na crítica ao famosos como sujeitos;

"Sweet and Lowdown" - Sean Penn é um apreciador do Jazz, além de tocar alguns acordes maravilhosamente bem;

"Anything Else" - Allen faz um sujeito capaz até de cometer vingança de forma violenta. O papel do sujeito que não sabe lidar com mulheres fica para Jason Biggs;

"Melinda and Melinda" - Will Ferrel se atrapalha com a mulher, se apaixona por outra e faz piada contra republicanos;


Tive uma outra idéia: a eleição da melhor homenagem feita pelos filmes do Woody Allen:

"Love and Death" - Literatura (especificamente a russa). Há diálogos inteiros com piadas sobre as situações mais conhecidas dos principais autores russos.

"A Midsummer Night´s Sex Comedy" - A peça de teatro de William Shakespeare "Sonho de uma noite de verão" é parodiada do início ao fim.

"The Purple Rose of Cairo" - Cinema, claro. Ou vc não se lembra que as personagens da tela conversam com a platéia? Ou que Mia Farrow toma um pé na bunda e entra numa sala de projeção no fim do filme?

"Radio Days" - A era do rádio, óbvio - aliás, há duas referências ao Brasil nas músicas - mas não me lembro quais.

"Crimes and Misdemeanors" - "Crime e Castigo", de Dostoievski - essa é uma teoria minha antiga e precisa ser explicada. Um dia, quem sabe...

"Shadows and Fog" - filmes noir em geral (já li que era o mais bergmaniano dos filmes de Allen. Não concordo)

"Bullets Over Broadway" - Broadway está até no título

"Mighty Aphrodite" - Há um coro do teatro grego que comenta o desenrolar da história

"Everyone Says I Love You" - filmes musicais bem leves, despretensiosos.

"Interiors" / "September" / "Another Woman" - Acho que ele, durante um tempo, queria ser Ingman Bergman

"Play again, Sam" - Woody Allen conversa com Humphrey Bogart durante a fita

"Deconstructing Harry" - especificamente "Morangos Silvestres", do Ingman Bergman. A trama é a mesma, reparem.

"Celebrity" - há alguma coisa de "La dolce Vitta" de Fellini aqui...

Nenhum comentário: