domingo, 10 de julho de 2005

A antinostalgia

- O romantismo é tão datado quanto a morte por pneumonia aos 27 anos.

- O que mais me marcou do "Memorial do Convento", considerado a obra-prima do Saramago, foi a não-romatização do relacionamento entre os protagonistas. Sem sentimentalismos exagerados, jogos sexuais, ou pré-concepções. Blimunda e Baltasar queriam ficar juntos e não havia o que os impedissem, nem passado, diferenças pessoais, quiçá destino.

- Em "Bendito Fruto", o longa de estréia do roteirista de TV Sérgio Goldemberg, há um diálogo final que a personagem de Zezeh Barbosa discute com a de Otávio Augusto porque eles nunca formariam uma família tradicional. Ele responde que eles poderiam ser uma família e só isso já era o suficiente.

- Por que idealiza-se o relacionamento perfeito? Acontece com todo mundo, algumas pessoas em menor outras em grau quase patológico. Generalizando, pode-se afirmar que as mulheres são mais românticas que os homens. A velha história do príncipe encantado. Ainda bem que isso está mudando. Mas nós também encaramos a vida como um roteiro pré-escrito cujo papel principal foi reservado para nós mesmos. Se não conseguirmos cumprir todas as nossas "tarefas" nos julgaremos infelizes.

- É praticamente impossível viver sem pensar no passado, naquilo que construímos ou que passamos anos pensando ser o melhor para nós mesmos. Não prego a racionalização dos relacionamentos, mas uma forma de diminuir a fantasia. Idealização só gera isolamento ou descontetamento. Experiência própria.

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