segunda-feira, 5 de junho de 2006

Dust

Assisti na última sexta a "Pergunte ao pó", adaptação cinematográfica que o roteirista de "Chinatown" fez do clássico de John Fante. Admito que conhecia o livro só pelo nome por puro preconceito. Toda vez que lia alguma referência, sempre era associado a Bukowski e aos beats em geral. Pensei que já tinha passado da fase. Não precisava ver alguém que pensava ainda viver na segunda fase do romantismo. No meu raciocínio, ver duas horas de um escritor maldito se lamentando porque ninguém o entendia era passável, perder dias de leitura com o livro, não. Com esse pensamento, encarei a projeção.

E me surpreendi.

O livro aborda, sim, o ambiente de um escritor ainda iniciante, sem muitas perspectivas, mas não há (muita) lamentação, nem "cheiro de fossa", como pesquei por aí. O foco principal é a relação dele (Arturo Bandini, alter-ego do escritor, interpretado por Collin Farrell) com Camila Lopez (uma mexicana interpretada pela voluptuosa - eufemismo, por favor - Salma Hayek). E como ele não consegue lidar com a paixão que nasce por Camila, e como a mexicana queria se transformar numa americana nata, sem sotaque, sobrenome chicano, trejeitos e vestimentas características.

Talvez o livro seja mais intenso na abordagem "do escritor maldito", por isso, menos palatável para o gosto menos afeito com o adocicado da auto-piedade alheia - como o meu. Para alguns, está leve demais. Para mim, teve o tempero certo.

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