sábado, 2 de setembro de 2006

Tortoise

Foi o mais próximo que cheguei de um show ao vivo do Pink Floyd, ontem, no Circo Voador. Melodias complexas, instrumentos incomuns (um xilofone, um vibrafone, duas baterias – às vezes – tocando ao mesmo tempo, um sintetizador, um Mac), músicos que tocam bem, no mínimo, três instrumentos, flerte com outras vertentes musicais, seja o jazz, seja a música eletrônica. Mas as semelhanças com o progressivo param aí. Nada de solos complicadíssimos para mostrar quanto eles são bons ou uma pose de grandes músicos com roupas espalhafatosas. Apesar de já não serem exatamente garotões, eles são roqueiros na melhor acepção da palavra. Ou seja: não tem frescura alguma.


Na montagem dos instrumentos antes do quinteto adentrar, já dava para arquear um sobrolho de curiosidade. Por que duas baterias? De um lado um xilofone, mas e aquele outro ali? O que é? (depois descobri que era um vibrafone). E tome computador, teclados, botões de apertar, rodar, girar. Ué, mas não era um show de rock? E foi. Tudo bem que não exatamente tradicional. Esqueça os vocais, por exemplo. Eles abdicam desse instrumento. Também não espere canções pops que grudam no ouvido na primeira audição – apesar de que, até agora, estar com "TNT" na cabeça. E, a cada música, podemos ouvir algo que se aparenta com chill out, e depois heavy metal, em seguida dub, mais a frente be bop... Cada músico passa por instrumentos diversos. É impossível identificar a posição original de cada um lá para o meio do show. Não existe “o” tecladista, como também não há “o” baixista. John Herndon, o único sujeito com estatura mediana – os outros são muito altos – e de perfil latino, até que fica muito tempo com as baquetas nas mãos, mas também se arrisca no xilofone, no vibrafone e no teclado. E isso acontece com todos (os outros integrantes são: John McEntire, Jeff Parker, Douglas McCombs e Dan Bitney).

Talvez seja esta a grande vantagem do que se acostumou chamar de “pós-rock”. Bandas como Mogwai, Sigur Rós, God Speed Your Black Emperor, e o próprio Tortoise, trazem um pouco mais de complexidade aos três acordes que as bandas juvenis apregoam, mas sem, para isso, esquecer que eles são roqueiros oriundos de uma tradição do-it-yourself.
Ou seja: mais acordes, sim, mas sem deixar de ser roqueiro, jamais.

4 comentários:

Anônimo disse...

Bela noite. Acho que até o cansaço ficou pequeno.
A gte devia fazer isso mais vezes.

Anônimo disse...

Concordo, minhalinda, vamos fazer sempre...

Limonada disse...

Acredita que eu estava no Tortoise, também? E não te vi! : ))

Anônimo disse...

Fiquei sentado o segundo andar assistindo ao show sentado. Foi uma experiência única.