sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ponte aérea

São Paulo tem inveja do Rio, como o estudante esforçado que, freqüentemente, perde uma oportunidade para a prima, uma menina bonita, simplesmente porque ela é, claro, bonita.

A bela menina, porém, não se preocupou com o tempo. Viveu o momento como se fosse o último, se transformou em ícone e se desgastou. O estudante se formou, arrumou emprego e ganha um bom dinheiro - no ramo de serviços. É sempre atencioso, cordato, organizado. Não adianta muito.

Apesar de todos os esforços, a menina-mulher continua a mais famosa da família, enquanto o rapaz é lembrado, também, pela sujeira e feiúra.

Ultimamente, contudo, o rapaz se tornou o cosmopolita. Com amigos taxistas italianos, garçons árabes, jornalistas nordestinos. A menina-moça continua deitada em berço esplendido, aguardando que as modificações caiam do céu.

Ela continua interona, mas anos de desajuste a transformaram em perigosa - ou, ao menos - assustadora. Continua com o gingado, a manemolência, as curvas, enquanto ele grisalhou, colocou um pulôver cinza para escutar algo eletrônico, noturno, quadrado.

Ele gosta de carros, ela, praia. Ele vai ao shopping, ela, ao samba. Ele trabalha, ela ri (dele). Ele continua completamente apaixonado - por ela; ela, também.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito orgulho.

contonocanto disse...

:-D