sábado, 25 de agosto de 2007

Dez reais

Quarta-feira, mais de 22h, voltava para casa do trabalho quando encontrei uma nota de R$ 10 no chão. Minha primeira reação: é falsa. A segunda: é uma pegadinha. Terceira: o que devo fazer? Quarta: é para pegar? Posso? Devo? E até agora não sei o certo a fazer.

Peguei a nota, me sentindo mal. Como se estivesse roubando de alguém. Principalmente porque ela estava em frente a um prédio de apartamentos. Imaginei que o dono era alguém que morasse ali. E eu estava usurpando desse alguém. Não me pertencia, não era meu e eu agora a carregava no bolso.

Fiquei uns minutos levando o dinheiro fora da carteira, num bolso da calça, meio que para não misturar com o restante. Tudo bem que eu só tinha outros R$ 2 comigo, logo não tinha como contaminar muita coisa. Ainda não o gastei. Continua na carteira, ao lado dois R$ 2, inclusive. Com esse dinheiro, o meu orçamento aumentou em mais de 40%.

Imaginei que poderia ser algo cármico. No dia anterior, o porteiro do meu prédio me pediu R$ 2. Sem nem perguntar por quê, fiz uma cata no meu cofrinho e arregimentei moedas de 10 e 5 centavos até a quantia. Não sou assim bom de coração, daqueles que fazem o bem sem olhar a quem. No domingo anterior, ele havia pedido R$ 20 e eu não pude ajudar porque não tinha tanto. Mas vou parar de pensar assim, estou parecendo até religioso. Pior, quase cristão.

A questão é que não me decidi se é certo ou errado ter pego um dinheiro no chão. A minha quinta reação, a que me fez catar, foi: se eu não pegar, alguém vai. Mas, por que tinha que ser eu? O que me faz melhor que as outras pessoas para ficar com esse dinheiro que não me pertence?

Lembro da minha mão repetindo um dizer: "Achado não é roubado, quem perdeu foi relaxado". Mas, o dinheiro... bem... ele não é meu... não fiz nada para o merecer. Sempre tive uma dificuldade enorme de lidar com a sorte. E essa história, talvez, seja apenas mais um exemplo desse meu "problema". Como assim recebo algo sem ter feito nada em pró, como receber despropositadamente, como ser o sorteado de algo? (Talvez por isso eu nunca tenha ganho nenhum sorteio, bingo ou mesmo rifa.)

Enfim, tudo isso para dizer que: quem souber de alguém que perdeu R$ 10, pode falar comigo. Prometo devolver.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sr. quase cristão, me empresta R$10?

CNC disse...

Não dá. Gastei em cerveja.

abraços

Anônimo disse...

=/

Limonada disse...

Tenho uma solução simples e bacana: dá esse R$ 10 para alguém que realmente precisa. Acho que assim sua culpa se expia! :-) beijo