segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Duas suposições e uma constatação lingüísticas

1) Tchê, che, c'è.

O "tchê" gaúcho é primo irmão do "che" argentino. Minha proposta é: a origem - digo isso sem pesquisar nada - venha do italiano "c'è", cuja pronúncia é a mesma, nos três casos. Nos dos primeiros casos, a partícula serve como um cacoete verbal, uma "vírgula vocativa", uma maneira de preencher o vazio em uma conversa.

Já no italiano, é o equivalente, mas sem a exata correspondência, ao "há" português. Exemplo: "Há um livro de italiano na minha casa" ; "C'è un libro di italiano in mia casa"

2) tem = existir

Há muito tempo que usamos, na língua corrida, o "tem" no sentido de "existir". Provavelmente, contraindo o "existem", como acontece como o "está", para "tá". Não é aceitado pela norma culta, nem é bem visto por ninguém. Entretanto, o tempo faz questão de mostrar que todo mundo fala: "Tem um livro de italiano na minha casa", quando o correto seria "Há / existe um livro de italiano...".

Dou 50 anos para tudo mudar.

3) Chiado

Na Itália, não se fala "c'è", como nós aprendemos aqui nos cursos, provavelmente a norma culta. Aliás, qualquer palavra com o "c" junto de "e" e "i" é com o mesmo som: chiado. Como, aliás, no Rio, Recife e em Portugal.

Ou seja, o som da palavra que originou o "tchê" gaúcho é, hoje, algo próximo ao "che", lido em português, não em espanhol.

E fechamos o ciclo.

Nenhum comentário: