quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Tráfico de dengue

Qual a diferença entre o traficante de drogas e o cara que deixa água parada em casa transformando o local em criadouro de dengue? Os dois sujeitos são vetores das suas respectivas doenças. Então, de um ponto de vista de política pública, os dois causam basicamente os mesmo prejuízos.

O traficante vende drogas de propósito; o criadouro, muitas vezes, age sem pensar. É a mesma diferença entre o homicídio doloso e o culposo. Um ganha a pena menor, mas o fim, em si, é o mesmo e causa a mesma dor.

Claro que o traficante, com o dinheiro do seu comércio, compra armas pesadas e o dono do pneu velho ou da garrafa vazia ou ainda do pratinho de plantas não tem nenhum "lucro" ao empoçar água limpa. Mas o comércio, em si, não deveria ser um argumento, salvo para aqueles ligados ao marxismo.

Já a compra da arma é conseqüência da subdivisão das gangues em morros. Dizem por aí que incentivada pela própria polícia. O curioso, porém, é que, em tese, o comerciante não gosta de guerra, gosta de ganhar dinheiro. Ou estou errado - o que é 50% possível? Ou seja, se fosse apenas uma grande facção, haveria menos violência.

Ou, heresia das heresias, se legalizássemos a venda de drogas, não haveria como substituir, a curto prazo, os valores arrecadados com o comércio de entorpecentes - para usar uma expressão burocrática.

Mas, argumentam alguns, com a legalização das drogas, haveria uma demanda grande dos serviços públicos de saúde, pelo menos na fase de desbunde. Ou seja, teríamos uma epidemia de viciados.

E, então, voltamos a dengue. Se essa hipótese acontecer - o que eu duvido, visto o que aconteceu em outros países que abrandaram as medidas de coerção - teríamos tanto ou mais problemas com o que estamos tendo com a dengue. O que torna, na essência, o produtor de água parada tão nocivo à sociedade quanto o traficante.

Mas essa idéia é idéia é por demais exótica para ser defendida em voz alta por aí. Não aconselho nem a reprodução.

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