segunda-feira, 1 de março de 2010

Verissimo e o exílio

Há muito tempo não lia uma coluna do Verissimo tão boa. Une cultura, história e ironia - suas melhores ferramentas - em doses alopáticas. Trechinhos:

Para começar, (Bechet) tocava saxofone soprano, um instrumento raro no jazz ainda hoje. (Por favor, se você lembrou do Kenny G, pare de ler imediatamente.)
(...)

Muitos exilados em Paris eram isso, combatentes longe da ação. Viviam no centro do mundo com a sensação de que sua vida devia estar acontecendo em outro lugar. O próprio Bechet se livrou da síndrome porque era tão vaidoso, dizem, que achava que era, pessoalmente, o centro do mundo.

(...)

Em Paris há uma academia de música russa cujo refeitório é aberto ao público. Comida previsível - o estrogonofe, fica-se sabendo, não foi uma invenção de anfitriãs brasileiras nos anos 50, é russo mesmo - mas boa e barata.

(...)

O exílio foi o fato intelectual do século 20, provocou ou inspirou os artistas que não diminuiu. Mas ô século desgraçado.
Verissimo, ele mesmo, foi um exilado, de certa forma. Não me estranha que no hall de seus escritores favoritos estejam Borges, Nabokov e Conrad.

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