sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lost filosófica: esperança renascida

Não é de hoje que Lost namora a filosofia, vide seus personagens John Locke e (Desmond) David Hume. Namora tanto que saiu até um livro sobre essa ligação direta. Até aí nada, porém, já que o doutor House também ganhou a sua "homenagem" [além disso, a filosofia, de certa forma, está bastante na pauta - talvez para substituir a agenda da psiquiatria / análise].

Mas ou eu estou junto com a moda, ou eu estou muito empolgado com a pós (Arte e filosofia) e vendo relações com tudo e todos com a filosofia - que tem, tem -, ou realmente há uma mensagem filosófica no fim desta que é a última das temporadas do seriado.

Como disse antes, o que mais me interessava na série, além de seus mistérios, mitologia, suspense e surpresas, era a ambiguidade dos personagens. Ninguém era totalmente mau nem bom. Todos são, como deveriam ser mesmo, um misto de ambas as coisas, sendo que, em determinados momentos, podemos ser mais uns que outros. Não precisa ser um gênio para perceber isso, basta ver o BBB. Se não faz o seu estilo, basta olhar para as pessoas nas ruas.

A filosofia entra agora: Nietzsche (meu atual filósofo preferido) combateu em sua obra o que ele chamava de metafísica. Para ele, metafísica seria a divisão do mundo em dois pólos, com a supremacia de um sobre o outro. Ou seja, para usar um exemplo mais próximo, o bem e o mal. Para ele, não existia essa separação (vide seu livro "Para além do bem e do mal"), simplesmente não podemos viver só com o bem ou só com o mal. E tentar evitar um dos dois (adivinha quem todo mundo tenta evitar?) é não aceitar a vida como ela é, é percebê-la menor, faltando uma metade. Ele sugere que sejamos corajosos e enfrentemos as propostas do que acontece. Não precisaríamos ir tão longe - ou melhor, tão perto, se considerarmos a questão histórica. A proposta do ying & yang não era, lá no fundo, exatamente isso?

Com o episódio de ontem, não-por-acaso [em minha opinião] protagonizado pelo broda Hume, minha esperança de que a série não seja decepcionante se reacendeu. Porque eles sugeriram - e eu interpretei dessa forma - que é melhor viver uma vida completa, com sofrimentos, alegrias e decepções, que uma perfeita, em que você tem tudo - mas não tem nada.

2 comentários:

Edu disse...

Não sei se concordo. Eu acho que gostaria de ter a opção "vida perfeita" também!

Grande abraço saudoso de nossos papos repletos de filosofia de botequim!

CNC disse...

Típico comentário de quem gosta de Dostoiévski. :-)