sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Air no ar

Toda geração tem o folk que merece. E não estou me referindo ao formato voz-e-violão, tão tradicional, ou mesmo à origem da expressão, que vem de folclore, mas à percepção de uma música mais calma, sem tanto gigantismo. Não é uma balada, simplesmente, tem mais punch, aquela característica tão comum a boxeadores e músicas cujo grave faz qualquer quadril mais duro requebrar, ou pelo menos obriga as pernas a se mexer.

A dupla virou trio com o batera (veja mais fotos aqui) [foto: Lucíola Villela / G1]
O Air, o "folk" da nossa geração, tocou ontem no Circo Voador, na Lapa, num formato com Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, a dupla de franceses vestidos como se estivessem num embalo de quinta à noite, à frente e um batera - ah, a bateria acústica, aquela que dá organicidade a qualquer música eletrônica mais fria - atrás. Os dois se dividiram para tocar os inúmeros teclados e, surpresa, Godin ficou no baixo e... violão.

Recorreram pouco às bases pré-gravadas, optando por interpretações mais cruas de diversos hits, de toda a carreira. O primeiro e mais conhecido disco, "Moon safari", fez o sucesso do público, que chegou a cantar as melodias de músicas como "La femme d'argent", ou toda a letra de "Kelly watch the stars" e, já no bis, "Sexy boy" - o que, convenhamos, não é nada difícil.

Os franceses, apesar de aparentar estarem se divertindo - principalmente Godin -, se mantiveram naquela posição blasé, tão caro aos conterrâneos de Prost e Proust, e às meninas de todos os lugares. Mas as projeções do telão, que passavam por cima das camisas brancas da dupla, esquentavam a galera, que parecia num pôr-do-sol à beira da praia.

Ao fim do show curto, mas intenso, pequeno, mas do tamanho certo, com uma plateia empolgada, ninguém queria ir embora e desfazer a sensação de bem-estar, de tranquilidade, de eteridade.

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