sábado, 23 de outubro de 2010

Diferenças e semelhanças entre as Oktoberfests

Estive, por coincidência, em Blumenau, durante a época em que acontece a Oktoberfest brasileira. Como já estive – dessa vez, sem qualquer coincidência – em Munique [doravante München], durante a mais famosa festa alemã para a cerveja, resolvi fazer um texto comparativo entre as duas experiências, mostrando suas diferenças e semelhanças.

                       
München
Blumenau
Chegue cedo. Mesmo que a abertura da festa esteja marcada para o meio-dia, os alemães vão para os pavilhões às 7h, para conseguir um lugar onde se sentar. Chegamos às 11h, pensando que estávamos bem, que arranjaríamos um espaço, mas penamos por duas horas até que um grupo de alemães adolescentes se sensibilizaram conosco e nos deixaram dividir o mesão com eles.
Chegue tarde. Vacinado pela festa alemã, corri para os pavilhões assim que aportei na cidade e adentrei o local às 18h. Não tinha ninguém. Todos os três pavilhões estavam completamente vazios e algumas barraquinhas se davam ao luxo de estarem fechadas. Ao conversar com moradores, eles até riram, quando disse a hora que cheguei. A organização da cidade me fez esquecer que estava no Brasil. 
Cerveja, só sentado: a razão por que os alemães chegam cedo à festa é que só se serve cerveja para quem está sentado a uma das mesonas. Isso quer dizer que, mesmo nos pavilhões, você pode passar horas de bico seco. Não quer dizer, porém, que não exista o “jeitinho alemão”: quando alguém se levanta para ir ao banheiro, há sempre um esperto que se senta só para pedir a cerveja e depois se levanta. Como se diz “malandragem” em alemão?
Cerveja em qualquer lugar: o esquema é igual a de qualquer outra grande festa brasileira a que eu já fui: você compra um tíquete nos caixas e escolhe entre as possibilidades a que você tem direito. Como estava vazio na hora que cheguei, a tranquilidade imperava. Mas, ao sair, já comecei a perceber certas filas se formando para comprar os tíquetes. E, dizem, à noite, quando a festa fica realmente cheia, fica insuportável. É fila para tudo.
Uma cerveja e várias cervejarias: É tradição entre os alemães produzirem um tipo de cerveja apenas para a Oktoberfest. Elas são mais alcoólicas [em torno de 8%, uma porrada para quem não está acostumado] e são servidas naquelas canecas enormes de um litro, chamadas Maß, que também é a maneira como se chama o tipo de cerveja, um lager mais encorpada que a tradicional german pilsen. Você pode escolher beber nos pavilhões das cervejarias locais de München, como Späten, Lowenbrau, Paulaner, etc. Nada mal, hein?
Várias cervejas e algumas cervejarias: a festa é geralmente patrocinada por uma grande marca, como a Brahma, este ano [eca], que banca toda a programação de dois dos três pavilhões. Já no terceiro, maravilha das maravilhas: encontramos as marcas menores, locais, de cervejas artesanais. São tão pequenas que, comparativamente, a Eisenbahn, que é de Blumenau, parece uma gigante. Há ainda a Wunder, também da cidade, e a Opa, de Joinville, entre diversas. Eles levam muitos tipos de chopes, como o Pale Ale, Porter e um Brown ale que tomei, excelente. Não fazemos nada feio em comparação.
Não pague para entrar, reze para beber: A festa bávara acontece em um campo aberto, com todo mundo tendo direito à entrada e à circulação. Se você for um abstêmio – pecado dos pecados – é capaz de voltar sem gastar um centavo. O problema é o preço das Maß: algo em torno de 8 euros. OK, é um litrão, ou seja, bem servido, e ainda mais alcoólico que o normal, portanto, é capaz de você não beber tanto. Mas, se você se atrever a converter, vai pensar duas vezes. Eu nem gosto de me lembrar de quanto gastei...
Entradas caras, bebidas, ok: Em Blumenau, se paga para entrar no parque onde ficam os pavilhões. Em dia de semana, o meu caso, nem é um acinte: paga-se R$ 6. Mas na sexta, o preço já sobe para R$ 15. No fim de semana, o valor da entrada sobe para exorbitantes R$ 30. Para melhorar, aceita-se carteirinha de estudante – há muito campo de estudo – e quem for vestido com as roupas típicas dos bávaros não paga a entrada. Mas o melhor é o preço dos chopes: todos saem por R$ 4,25. Quem comprar Brahma não sabe o que está perdendo...
Comes: Se eu já tinha gasto os tubos com a cerveja, economizei na comida. A única coisa que comi lá foi um lanche junto com os adolescentes alemães –  eles foram extremamente simpáticos – que consistia numa espécie de pretzel feito em casa e mais com cara de pão e uma pasta com mostarda e um tipo de embutido, que não me lembro – foram MUITAS Maß, posso assegurar.
Além do “bebes”: Cheguei faminto e aproveitei que o lugar estava vazio para comer uns pratos exóticos. Ou alguém já comeu codorna recheada assada? O recheio era – novamente – um tipo de embutido e a codorna era pequena o suficiente para não matar quem me matava. Por isso, recorri ao x-alemão. Um sanduíche, sem queijo – a mania de colocar “x” na frente dos sanduíches é gaúcha, como o tradicional x-coração – em que se mistura frango, linguíça, carne de boi e molho vinagrete, na chapa e coloca tudo num pão. Excelente.
Turistas: fuja do fim de semana dos italianos, o primeiro das duas semanas da festa. Os adolescentes alemães disseram que eles arrumam muita confusão e não são sociáveis com os demais. Posso acreditar. Eles me pediram, em certo momento, para pedir a um grupo esporrento ao nosso lado para fazer menos barulho. Fiquei numa situação...
Locais: indo numa quinta-feira, e mais cedo que o normal, não encontrei ninguém que não fosse de Blumenau. Mas dizem que há também uma enxurrada de cariocas, gaúchos, paulistas nos fins de semana, principalmente o primeiro, que também é, normalmente, o do feriado de 12 de outubro.
Fora do tempo: por mais incrível que possa parecer, a Oktoberfest de München acontece em... setembro. Há uma explicação, mas, bem, esqueci. Foram muitas Maß...
Outubro. A data varia, mas geralmente são três semanas. Neste ano, termina neste domingo. Se você não for multimilionário para poder viajar para Blumenau, vai ficar para o ano que vem sua primeira participação.



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