domingo, 14 de novembro de 2010

Bela e coxa

Eugênia, de "Memórias póstumas de Brás Cubas", é a personagem mais injustiçada da literatura nacional. Ficou associada ao conjunto de frases "por que bela se coxa? Por que coxa se bela?" e foi largada por Brás Cubas exatamente por conta disso. Claro que essa é a cereja no topo de uma implicância de Brás à sua família, que remonta à época quando era ainda uma criança e presenciara a mãe de Eugênia - "a bem nascida", como bem repara Patrick Pessoa - numa moita com um fulano [demonstrando um comportamento preconceituoso bem comum à época em que se passa a história do livro, início do século xix]. Eugênia, inclusive, é chamada de a "flor da moita", numa bela e irônica metáfora, sendo associada à beleza [flor] e à sua reputação de pobre, de filha bastarda, de filha da moita, de coxa, enfim. Mas sempre a imaginei mais bela que coxa. E acho que ela paga um preço por algo que não fez. Mas quem disse que o mundo é justo?

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