quarta-feira, 21 de setembro de 2011

House hunting

Não é tão mal como pode parecer. A dificuldade é aumentada porque você está em uma cidade nova, com regras inusitadas, com uma língua diferente, e querendo muito tirar suas roupas de dentro daquela mala, onde ela está há mais de uma semana - certamente terá caixismo. A procura por um apartamento em Londres pode parecer ruim, e até é ruim às vezes - principalmente por ter que aguentar a malandragem dos corretores -, mas, pensando direitinho, é bem mais fácil conseguir um lugar bacana aqui que no Rio, por exemplo.

Principalmente porque aqui um lugar como Kensal Rise, que é tipo Marechal Hermes, extremamente residencial, com casas bonitinhas e tals, fica a 10, 15 minutos do Centrão da cidade, de Oxford Circus por exemplo, via metrô, que é, inclusive, logo ali. Ou seja, o óbvio: um transporte de qualidade dá vida às áreas mais afastadas. Isso sem falar que aqui há áreas legais de se morar em qualquer latitude - não precisando ficar na South Zone - pelo contrário até.

Fico imaginando como seria a vida no Rio caso o trem - por exemplo - funcionasse. Se as pessoas não demorassem duas horas [na melhor das hipóteses] para chegar no Centro, vindas de Nova Iguaçu. Se elas pudessem morar em casas grandes, com quintal e, para trabalhar em algum lugar da capital, tivessem apenas que pegar um vagão confortável que chegasse em - digamos - 40 minutos na Central e dali fizessem a transferência para o metrô até, sei lá, Botafogo, chegando em mais 20 minutos. Uma hora de Nova Iguaçu a Botafogo. Seria possível? Será que teríamos tantas pessoas assim querendo morar apenas na Zona Sul, encarecendo enlouquecidamente os aluguéis dessa região? Será que não espraiaríamos a vida da cidade para as áreas correlatas? Será que não sairíamos do umbigo para enxergar as áreas ao redor? Será que não enriqueceríamos culturalmente com tantas influências? [Pensei agora que as associações de moradores dos bairros ricos seriam contra porque não iriam gostar de ter pobre nas suas calçadas...]

Claro que sempre teremos áreas mais caras que outras. Quem mora em Oxford Circus - deve existir um ser humano nessas condições, mas não devo conhecer em toda a minha existência - paga muito mais que um reles mortal [ o/ ] num aluguel. As casas no Leblon de frente para a praia continuariam sendo um absurdo, mas eu posso viver sem isso, desde que seja tratado com um mínimo de dignidade. O que não é caso, na maioria das vezes.

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