quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Empatia é humana

Rüdiger Safranski, em sua biografia comentada sobre Schopenhauer, ressalta que o filósofo sempre abordou a necessidade de, de certa forma, doutrinar as suas próprias vontades - mesmo que conscientemente ele soubesse que isso fosse de todo impossível. De qualquer forma, ele ressalta um caso específico, que ele não apelidava de vontade, mas eu tomo a liberdade para fazê-lo, em que diz como a solidariedade é intrínseca ao ser humano. Mesmo que não quisermos, somos sempre levados a compartilhar um pouco do que o outro está sentindo - seja para o bem ou para o mal.

Já ouvi dizer, também, que o amor-fraterno, que é um outro nome para a solidariedade, assim como, veremos, empatia, e não o amor-erótico, seria o maior dos sentimentos humanos.

Isso tudo me veio à mente quando li, no início do "Do the androids dream of electric sheep", o narrador do livro de Philip K. Dick falando sobre como a única forma de identificar os androides que têm o sistema operacional mais avançado é aplicar um determinado teste - aquele que, no "Blade runner", tem um ponto fixo de luz vermelha - em que mede a empatia da pessoa. Nesse mundo, os androides não teriam empatia, que é um sentimento próprio para os que querem - ou precisam - viver em comunidade.

O problema, no livro, e um problema que, aparentemente aparece em diversas obras de Dick, é avaliar sob esses critérios os doentes mentais que não tem capacidade de produzir afecções, como os esquizofrênicos ou os esquizoides, conforme ele mesmo cita. Medir a humanidade pelas suas mais nobres características é, portanto, injusto. Ou, melhor dizendo, medir a humanidade é sempre injusto.  

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