segunda-feira, 26 de março de 2012

Dobra na história

Alguns amigos meus, mais inteligentes do que eu, costumam ralhar ante à ladainha que ouvíamos na faculdade sobre pós-modernidade. Por um lado, eles estão completamente corretos, houve - ou havia - uma supervalorização do termo e de tudo o que o envolvia. Porém estou tendendo a discordar com relação ao fato de que não estaríamos vivemos em uma era em que ocorre uma nova dobra no que ficou convencionado chamar História. Como vamos chamar isso, ainda não sei, mas é possível enumerar algumas evidências para sustentar o argumento.

falei sobre como a arte mudou o seu paradigma prioritário, que norteou a produção desde o fim do século xviii. Saiu da busca quase santificada pelo "novo", para o diálogo, digamos, remixado, com a tradição.

Outra mudança significativa e evidente se dá em relação ao nascimento e amadurecimento do ambiente virtual. Isso é praticamente irrefutável.

Por fim, no âmbito político-diplomático-nacional, podemos ver o deslocamento, ou ao menos a pulverização, do poder. Se desde o fim da bipolaridade da guerra fria, havia um único modelo - e bipolaridade essa que foi um ponto fora da curva de toda a tradição eurocentrista que vigora, no mínimo, desde o século xvi, com mais ou menos intensidade - porque, o que são os EUA, se não uma extensão do pensamento europeu? Nesse novo tempo, há o aparecimento de um novo player que durante milênios construiu uma das civilizações mais sólidas que se tem registro.

De toda forma, um desses meus amigos mais inteligentes que eu -praticamente todos são- costuma dizer que esse pensamento de "uma nova era" é comum a todos os homens, em todos os períodos históricos -eu acrescentaria, desde o famoso fim do século xviii, que iniciou a ganância pelo "novo".

Eu acrescentaria ainda que, como em outros aspectos envolvendo o conceito de tempo, este também é uma questão de crença. Se você acredita, encontra as justificativas. Se não, não enxerga obviedades.

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