quarta-feira, 1 de agosto de 2012

César Cielo e os 100m livre

Não sei qual é a tática do César Cielo para os 100m livre, mas se a declaração que eu li ontem dizendo que ele deixar de forçar tudo nessa prova para priorizar os 50m livre for isenta de malícia, eu acho que ele perde ambas.

Já se for com malícia... está surtindo efeito. É muito curioso o atual recordista mundial da prova ser tratado como azarão. É, de certa forma, uma vantagem. Você saber que é bom, e ninguém reparar em você. Estar com o quinto tempo, na raia dois, e passar quase despercebido. Ter ganho medalha na prova nas últimas três competições importantes [olimpíada e mundiais em piscina longa]* e só citarem o Magnum, o Agnel, e o americano. Ser chamado de "Tchielo", quando apresentado, e completamente ignorado pelos comentaristas.

Não o conheço, nunca conversei com ele, não posso dar uma opinião com o meu ponto-de-vista, como "fonte direta". Mas pelo o que eu acompanho das entrevistas dele, e sobre ele, desde antes do Pan de 2007,  Cielo sempre me pareceu um menino que se empolga e desempolga muito rapidamente. Muda de opinião com facilidade. Lembro que uma das primeiras declarações pós-medalha de ouro nos 50m livre em Pequim 2008, era reclamando do Coaracy, eterno presidente da confederação de esportes aquáticos, e afirmando que ele, Cielo, não recebia a grana combinada no patrocínio há muito tempo. Após uma conversa de bastidores, ele veio a público dizer que não era nada bem isso, ele quem tinha se confundido, e que ele e Coaracy eram amigos de infância.

Outro exemplo: teve resultados aquém dos esperados no Pan-Pacífico, se separou do treinador Brett Hawke, que o tinha transformado no campeão olímpico. Recentemente, em uma boa entrevista para o Globoesporte.com, Hawke falou sobre outra oportunidade em que "Tchielo" mudou de temperamento como quem trocou de sunga:
Naquela manhã de agosto, em Pequim, há quatro anos, Cesar Cielo acordou descrente. Faltavam poucas horas para a final dos 100m livre, mas aquela raia 8 incomodava. Nadar no canto da piscina, com sete adversários nadando mais rápido do que ele, foi demais para a cabeça do jovem calouro. Foi preciso ouvir palavras duras de Brett Hawke, seu treinador na ocasião, para entender que estava tão ou mais veloz do que os outros, que estava tão ou mais bem preparado do que eles para ganhar um medalha.
Nesse momento, só espero que alguém chegue para ele e diga: "Seje um sujeito hômi!" Porque a pior derrota é aquela que acontece antes de cair na água.

* ele ficou em quarto no último mundial, em 2011.

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