domingo, 28 de outubro de 2012

As cervejas de trigo, e de outros cereais

Costumo dizer, por minha pequeníssima experiência acumulada, que a primeira cerveja que as pessoas tomam, a primeira cerveja verdadeira, mesmo, aqui, no Brasil, é uma Weiss. Geralmente, era uma Paulaner ou uma Erdinger, as alemães, já que associamos mais facilmente a cultura alemã com o costume de beber cerveja. Hoje em dia, até já vi tomando similares de nível alto, mas brasileiras. Mas é curioso a opção por essa cerveja.

A brauerei [cervejaria] da Paulaner
Uma outra razão para essa opção, a meu ver, é o fato de as outras duas grandes escolas cervejísticas, a belga e a inglesa, não terem tanta tradição no Brasil. O que não deixa de ser curioso, em se conhecendo a influência que os ingleses tiveram aqui. Talvez, porém, a participação alemã tenha sido mais espraiada, menos imposta, e, por isso, tenha acontecido mais naturalmente. Talvez, tenha havido um gap muito grande entre a verdadeira influência direta inglesa no Brasil e o hábito massificado de se tomar cerveja. Talvez as cervejas inglesas não sejam nada apropriadas para o nosso clima. Tudo isso é especulação.

O fato é que, pelo que eu tenho visto, reparado, quando as pessoas se permitem, pela primeira vez, a tomar uma cerveja diferente, elas optam pela cerveja Weiss. Weiss, branco em alemão, se refere ao tamanho do colarinho, da espuma feita por esse tipo de cerveja, que, como todo mundo sabe, é feita de trigo, ou Weizen, como, aliás, algumas cervejas de trigo são igualmente conhecidas.

Isso também ajuda ao bebedor iniciante. Ela vai saber, de cara, de memória, de vista, que ele bebeu algo diferente. É fácil identificar as diferenças. A weiss é mais turva, por exemplo. Além disso, também colabora o fato de a weiss ser bem mais doce. O paladar menos acostumado vai perceber no primeiro gole essa diferença. Se tiver um pouquinho mais de paciência e curiosidade, já pode, na primeira cerveja da vida, perceber os gostos mais associados ao estilo, que é banana e ameixa. Ou seja, é uma experiência fácil, rápida, e que pode ser completa. Não tem como dar errado.

A weiss é bem diferente em diversos aspectos da cerveja de grande circulação, como já vimos, e a sua fabricação também segue uma outra receita, com fermentos e fermentação respeitando outras regras. Mas o principal, o que realmente marca a diferença entre a weiss e as demais cervejas que conhecemos é, a meu ver, o ingrediente principal. Enquanto a maioria das cervejas usa apenas maltes de cevadas [inúmeros tipos, é verdade, mas ainda assim apenas um produto da cevada], na weiss se coloca também o malte de trigo, que apesar de diversas similaridades com a cevada não é igual. Ou seja, a mudança do ingrediente principal faz com que o resultado final seja completamente outro. Não podia ser diferente.

O que demonstra como uma cerveja feita de arroz ou milho é, da mesma maneira, completamente distante das feitas com maltes de cevada. Mas isso nem precisaria ser dito.

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