quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Calor? Sou contra

Essa foto, se eu não me engano, é de 2008, outro ano
 insuportável, mas poderia ter sido de semana passada
Sou do grupo dos que acham que o verão carioca exagera no quesito calor. Nos últimos dias, eu praticamente me internei em ambientes com ar condicionado, e agora aguardo apreensivo a chegada da conta de luz. É desumano, anti-higiênico, sádico. Mas... adianta reclamar? Provavelmente, não. Não acredito que São Pedro tenha uma central de atendimento aos seus devotos. Suspeito que nem o cacique Cobra Coral consiga resolver esse problema. E, principalmente, se é vontade da maioria resolver essa questão. O verão, e o seu consequente calor, parecem parte integrante do ethos carioca, como explica Francisco Bosco hoje.

Mas... [e aqui eu percebo e admito uma das minhas características: sempre mostrar outros lados da mesma questão] será que não daria para os governantes tentarem ajudar àqueles que não se empolgam muito com as altas temperaturas?

Vista de um dos palácio de Udaipur,
usando o óculos à guisa de filtro. 
No dia do presente grego de natal, em que as medições oficiais marcaram 43,2º C, eu estava em Nova Iguaçu - onde, suspeito, não há qualquer aferição profissional da temperatura. Fiquei o dia inteiro internado nessa criação genial de Willis Carrier - aliás, criada na cidade de minha outra irmã, Buffalo -, mas no único momento que saí às ruas, senti o pior calor da minha vida. E olha que já estive no deserto do Rajastão indiano num dia em que os termômetros marcaram oficialmente 48º C.

Em Nova Iguaçu, andei um espaço de menos de 500 metros e senti essa energia [negativa] pesada, como se a atmosfera tivesse aumentado de peso e eu, perdido minhas forças. Como se eu estivesse dentro de um forno, cozinhando em banho-maria. A umidade é o que torna a nossa sensação térmica pior. Mas não é só isso. A combinação de asfalto [que absorve a energia térmica], saídas de ar-condicionado nas lojas [que chupam o calor de dentro dos ambientes e o joga para fora - para a calçada] e falta de árvores [que ajudam a absorver a quentura], aumentava ainda mais a sensação infernal.

Como não é possível tirar o asfalto, ou acabar com os ar-condicionados, poderíamos, ao menos, incentivar o plantio de árvores em todas as áreas cinzentas-escuras. O Rio ainda é uma cidade bem verde, com uma floresta particular para chamar de sua, com ruas cheias de copas altas, mas, imagino, poderíamos fazer mais e melhor. Caso não seja possível, poderíamos criar mais coberturas pelas calçadas, que nos forneceriam mais sombras. Colocar, como no calçadão de Bangu, umidificadores pelas ruas. Exigir que todos os ônibus tenham refrigeração. Criar bebedores e banheiros públicos. Incentivar pesquisas científicas que lidem com o assunto. Para ficar nas ideias que me ocorreram apenas nos últimos cinco minutos. Não deve ser difícil pensar em outras, ainda mais eficientes. Imagino que nem mesmo os grandes apreciadores do calorão seriam contra essas iniciativas.

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