domingo, 7 de julho de 2013

A metáfora Anderson Silva

Entre tantos outros temas, MMA e UFC estão entre aqueles que eu menos conheço [ali junto da reforma política e de física quântica]. Mas a derrota do antes imbatível Anderson Silva pode, talvez, no ensinar algo - ou reensinar, em alguns casos [mas nunca é demais repetir um ensinamento]. O maior adversário de alguém é a sua exageradamente alta autoconfiança.

Sei lá se a luta foi comprada, sei lá se é mais emocionante ganhar na revanche, sei lá se todas as teorias da conspiração que se reproduzem pelas ruas e pela internet fazem qualquer sentido. O que se viu, o que pode ser visto nos vídeos com os nem dois rounds da luta, é um lutador tentando tirar onda com um outro, que está focado no seu objetivo. Um era o lutador moleque, audaz, cheio de ginga e manemolência. O outro, o seguro, adulto, claro no que ele queria. Aconteceu o que aconteceu.

Escreveu um amigo no FB: "Semana de queda dos invictos (domingo passado Espanha e nessa madrugada Anderson Silva) Então me lembrei do Bane falando pro Batman nesse ultimo filme da trilogia do Christopher Nolan. Ele falou que: 'A vitória contínua e constante enfraquece o espírito, a vitória te amoleceu.'"

Isso, claro, acontece em todas as áreas. Todas. Pense no PT e os seus dez anos deitados em berço esplêndido. Pense, antes, no PSDB e os seus oito anos ao som do mar e à luz do céu profundo. Pense no Neymar e como ele é criticado quando seu futebol se resume a firula, sem objetividade. Firula sem um fim é objeto de circo. Beleza pela beleza vira formato sem qualquer conteúdo e cansa, perde a conexão. Há a necessidade de um equilíbrio.

Um bom exemplo pode ser resgatado do próprio Neymar, e exatamente no seu gol contra a Espanha na semana passada. Para quem não viu ou não se lembra: o nosso atual camisa 10, recebe a bola na intermediária e passa rapidamente para o Oscar. Corre para dentro da grande área mas entra em posição de impedimento. Ao perceber isso, volta muito rapidamente para a linha dos zagueiros, a ponto de conseguir receber o passe de Oscar, que também muito inteligentemente o havia esperado, e que chegou na hora certa de ele apenas matar a bola e soltar um tiro na direção da meta espanhola.



Ali, o jogador que se apresentou era um atleta inteligente, que jogou se utilizando das regras ao seu favor, percebeu o seu entorno e fez o que dele se esperava: gol. Não apenas isso. Um golaço de um craque.

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Um craque é aquele sabe usar as suas vantagens sem ficar cego por elas próprias. Um desafio constante.

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É essa certeza de superioridade que atrapalha. O homem deve confiar em si, desconfiando. Saber, duvidando. Agir, pensando.

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