sábado, 5 de março de 2005

Todos os direitos liberados

Foi no já longínquo ano de 2001 que eu li pela primeira vez a expressão "software livre". Na época não sabia nada sobre o assunto. A diferença agora é que, ao menos, já encontrei esse conceito em alguns meios de comunicação e até outras pequenas denominações que me chamaram a atenção e remetem ao mesmo tema: copyleft e creative commons.

O que elas têm em comum, a grosso modo? Propõem um relaxamento das regras do copyright e daquela frase que aparece após alguns filmes, livros, sites e dentro de encartes de CDs: "Todos os direitos reservados".

O autor continuaria dono de sua própria obra (o que é óbvio), mas permitiria que ela fosse reproduzida, dando o devido crédito e sem fins comerciais. Ou seja, romanticamente falando, a propagação da idéia se sobressairia à comercialização das mesmas. Porque hoje, em tese, ainda é contra a lei baixar uma música do soulseek, copiar livros nas xerox de faculdades ou possuir uma versão pirata de filme em casa.

Claro que isso não agrada a muita gente. Editoras, gravadoras, produtoras, distribuidoras, ou seja, a pessoa jurídica do processo criativo sempre é contra as propostas de compartilhar suas minas de ouro. É de se esperar. Nasceram para ganhar dinheiro com as obras alheias, não teria nenhuma lógica em ficarem a favor de uma idéia que vai contra as suas ideologias básicas. Nem mais discuto isso. Esses são dinossauros que me lembram (sempre uso a mesma metáfora) os Luddistas, que quebravam as máquinas porque eram elas que lhes tiravam o emprego. Essas empresas lutam contra a evolução tecnológica que é, em princípios, uma disputa perdida. Só podem adiar a capitulação.

O que é chocante é que até alguns escritores, músicos, cineastas, a pessoa física do processo, são contra essa flexibilização. A argumentação é a mesma dos empresários. Perguntam sempre do que vão viver se tirarem os seus ganha-pães. Não pensam, ou deixam em segundo-plano, o fato de ter a possibilidade de multiplicar exponencialmente a divulgação de suas obras.

Por parte dos escritores, então, tal argumento se torna ainda mais ridículo. Quem fala que sobrevive de vendagem dos próprios livros ou é mentiroso, ou é faquir, ou é o próprio Paulo Coelho. Escritor vive de escrever em outros meios, salvo no Brasil as três ou quatro exceções.

Músico tem a possibilidade de fazer show, vender o hit para tocar em celulares, sei lá. Cineasta tem em sua defesa que a experiência da sala do cinema é única, por enquanto, ao menos, mas também pode trabalhar em outros mídias.

Esses "artistas" deveriam ser os primeiros a defender a "democratização" de suas obras. E pensam apenas (ou mais) em ganhar o seu. A sorte é que eles caem no mesmo erro das empresas: estão lutando contra o óbvio. O avanço da tecnologia não respeita vontades pessoais.

Leia mais aqui:

http://oglobo.globo.com/jornal/Suplementos/ProsaeVerso/167170082.asp

http://members.tripod.com.br/RamonFlores/GNU/copyleft.html

http://creativecommons.org/

http://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt.html

http://www.gnu.org/

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