sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Incomunicabilidade
"...durante algum tempo, eu pensava que cada pessoa tinha sua própria língua. Seria curioso, centenas de milhões de idiomas. E talvez seja verdade – seria por isso que não nos compreendemos." Adivinhe quem.
sábado, 25 de agosto de 2007
Dez reais
Quarta-feira, mais de 22h, voltava para casa do trabalho quando encontrei uma nota de R$ 10 no chão. Minha primeira reação: é falsa. A segunda: é uma pegadinha. Terceira: o que devo fazer? Quarta: é para pegar? Posso? Devo? E até agora não sei o certo a fazer.
Peguei a nota, me sentindo mal. Como se estivesse roubando de alguém. Principalmente porque ela estava em frente a um prédio de apartamentos. Imaginei que o dono era alguém que morasse ali. E eu estava usurpando desse alguém. Não me pertencia, não era meu e eu agora a carregava no bolso.
Fiquei uns minutos levando o dinheiro fora da carteira, num bolso da calça, meio que para não misturar com o restante. Tudo bem que eu só tinha outros R$ 2 comigo, logo não tinha como contaminar muita coisa. Ainda não o gastei. Continua na carteira, ao lado dois R$ 2, inclusive. Com esse dinheiro, o meu orçamento aumentou em mais de 40%.
Imaginei que poderia ser algo cármico. No dia anterior, o porteiro do meu prédio me pediu R$ 2. Sem nem perguntar por quê, fiz uma cata no meu cofrinho e arregimentei moedas de 10 e 5 centavos até a quantia. Não sou assim bom de coração, daqueles que fazem o bem sem olhar a quem. No domingo anterior, ele havia pedido R$ 20 e eu não pude ajudar porque não tinha tanto. Mas vou parar de pensar assim, estou parecendo até religioso. Pior, quase cristão.
A questão é que não me decidi se é certo ou errado ter pego um dinheiro no chão. A minha quinta reação, a que me fez catar, foi: se eu não pegar, alguém vai. Mas, por que tinha que ser eu? O que me faz melhor que as outras pessoas para ficar com esse dinheiro que não me pertence?
Lembro da minha mão repetindo um dizer: "Achado não é roubado, quem perdeu foi relaxado". Mas, o dinheiro... bem... ele não é meu... não fiz nada para o merecer. Sempre tive uma dificuldade enorme de lidar com a sorte. E essa história, talvez, seja apenas mais um exemplo desse meu "problema". Como assim recebo algo sem ter feito nada em pró, como receber despropositadamente, como ser o sorteado de algo? (Talvez por isso eu nunca tenha ganho nenhum sorteio, bingo ou mesmo rifa.)
Enfim, tudo isso para dizer que: quem souber de alguém que perdeu R$ 10, pode falar comigo. Prometo devolver.
Peguei a nota, me sentindo mal. Como se estivesse roubando de alguém. Principalmente porque ela estava em frente a um prédio de apartamentos. Imaginei que o dono era alguém que morasse ali. E eu estava usurpando desse alguém. Não me pertencia, não era meu e eu agora a carregava no bolso.
Fiquei uns minutos levando o dinheiro fora da carteira, num bolso da calça, meio que para não misturar com o restante. Tudo bem que eu só tinha outros R$ 2 comigo, logo não tinha como contaminar muita coisa. Ainda não o gastei. Continua na carteira, ao lado dois R$ 2, inclusive. Com esse dinheiro, o meu orçamento aumentou em mais de 40%.
Imaginei que poderia ser algo cármico. No dia anterior, o porteiro do meu prédio me pediu R$ 2. Sem nem perguntar por quê, fiz uma cata no meu cofrinho e arregimentei moedas de 10 e 5 centavos até a quantia. Não sou assim bom de coração, daqueles que fazem o bem sem olhar a quem. No domingo anterior, ele havia pedido R$ 20 e eu não pude ajudar porque não tinha tanto. Mas vou parar de pensar assim, estou parecendo até religioso. Pior, quase cristão.
A questão é que não me decidi se é certo ou errado ter pego um dinheiro no chão. A minha quinta reação, a que me fez catar, foi: se eu não pegar, alguém vai. Mas, por que tinha que ser eu? O que me faz melhor que as outras pessoas para ficar com esse dinheiro que não me pertence?
Lembro da minha mão repetindo um dizer: "Achado não é roubado, quem perdeu foi relaxado". Mas, o dinheiro... bem... ele não é meu... não fiz nada para o merecer. Sempre tive uma dificuldade enorme de lidar com a sorte. E essa história, talvez, seja apenas mais um exemplo desse meu "problema". Como assim recebo algo sem ter feito nada em pró, como receber despropositadamente, como ser o sorteado de algo? (Talvez por isso eu nunca tenha ganho nenhum sorteio, bingo ou mesmo rifa.)
Enfim, tudo isso para dizer que: quem souber de alguém que perdeu R$ 10, pode falar comigo. Prometo devolver.
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Cadê o porquinho?
Num fim de semana animado, em que vimos "Ratatouille", "Shrek, o terceiro" e "Os Simpsons" fiquei com a noção do óbvio: o melhor cinema produzido pela indústria americana é a animação. Eles que gostam tanto do conceito de filme de gênero, criou um que pode ser qualquer coisa, mas que tem sempre o mesmo tipo enredo, com forte raízes da narrativa mais tradicional.
Tive um problema grave com "Ratatouille", mas me disseram que é a melhor animação já feita. Misturando conceitos de 2d (do povo da Disney) com 3d (da Pixar). Quem sou eu para discutir. Já "Shrek..." me pareceu mais do mesmo. A piada já foi contada, não tem tanta graça assim...
Entretanto, "Simpsons" me pareceu engraçadíssimo. Talvez porque não via um episódio há muito tempo, talvez porque eles realmente capricharam, talvez porque atingiu a expectativa que eu tinha dele. A única questão que fica, após terminar de vê-lo, é: para onde foi o porquinho, causador de toda a tragédia da família?
Tive um problema grave com "Ratatouille", mas me disseram que é a melhor animação já feita. Misturando conceitos de 2d (do povo da Disney) com 3d (da Pixar). Quem sou eu para discutir. Já "Shrek..." me pareceu mais do mesmo. A piada já foi contada, não tem tanta graça assim...
Entretanto, "Simpsons" me pareceu engraçadíssimo. Talvez porque não via um episódio há muito tempo, talvez porque eles realmente capricharam, talvez porque atingiu a expectativa que eu tinha dele. A única questão que fica, após terminar de vê-lo, é: para onde foi o porquinho, causador de toda a tragédia da família?
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Harry Skywalker
Acompanhando R., vi o quinto filme da série "Harry Potter". Está longe de ser excepcional, mas não é nada ruim. Entretem e, salvo uns deslizes, passa de ano, sem ir para a recuperação.
Curiosamente, durante uma cena, me lembrei diretamente de outra série voltada para adolescentes de todas as idades de uma outra geração: "Star Wars". Potter está com a mulher do Tim Burton em mira - ela, claro, faz uma bruxa má - e é tentado a matá-la por seu maior rival, Voldemort - interpretado por um irreconhecível Ralph Fiennes.
Potter escuta uma voz que insiste que deve matar Bonham-Carter, porque ele está com raiva - ela acabara de matar um amigo de seu pai - Sirius Black, feito pelo Gary Oldman. O menino não a finaliza porque, num momento de consciência, percebe que isso seria a atitude do vilão.
Exatamente como em "Retorno de Jedi", quando Luke consegue imobilizar Darth Vader e o imperador insiste que ele deve acabar com o próprio pai - no que ele refuga, por se tratar, obviamente, de uma atitude do lado negro da força.
Aliás, há uma ligação não-explicada até o momento entre Voldemort e Potter. Exatamente como acontecia com Luke e Darth Vader, até a descoberta do parentesco entre os dois.
Há também uma espécie de messianismo nos dois protagonistas, fruto do mais tradicional épico, em que as duas histórias se baseiam. Fora o maniqueísmo exarcebado, o bem contra o mal, o "dark side of the force", essas coisas; a utilização de seres fantásticos, de um universo paralelo; e a transformação de objetos do nosso cotidiano para este mundo bizarro.
Claro que JK Rowling não se espelhou na obra de George Lucas - provavelmente são todas coincidências entre as duas sagas. O sucesso, porém, não deveria espantar ninguém. Provavelmente daqui a 20 anos, haverá outra onda com pessoas em polvorosa se vestindo de personagem e indo pagar mico em cinemas e livrarias.
ps. Conversando com amigos, após escrever este texto, dei-me conta que "Senhor dos Anéis" também tem premissas muito parecidas - só eu que não atentei para isso. Deve ser a minha inexperiência em "épicos fantásticos".
Curiosamente, durante uma cena, me lembrei diretamente de outra série voltada para adolescentes de todas as idades de uma outra geração: "Star Wars". Potter está com a mulher do Tim Burton em mira - ela, claro, faz uma bruxa má - e é tentado a matá-la por seu maior rival, Voldemort - interpretado por um irreconhecível Ralph Fiennes.
Potter escuta uma voz que insiste que deve matar Bonham-Carter, porque ele está com raiva - ela acabara de matar um amigo de seu pai - Sirius Black, feito pelo Gary Oldman. O menino não a finaliza porque, num momento de consciência, percebe que isso seria a atitude do vilão.
Exatamente como em "Retorno de Jedi", quando Luke consegue imobilizar Darth Vader e o imperador insiste que ele deve acabar com o próprio pai - no que ele refuga, por se tratar, obviamente, de uma atitude do lado negro da força.
Aliás, há uma ligação não-explicada até o momento entre Voldemort e Potter. Exatamente como acontecia com Luke e Darth Vader, até a descoberta do parentesco entre os dois.
Há também uma espécie de messianismo nos dois protagonistas, fruto do mais tradicional épico, em que as duas histórias se baseiam. Fora o maniqueísmo exarcebado, o bem contra o mal, o "dark side of the force", essas coisas; a utilização de seres fantásticos, de um universo paralelo; e a transformação de objetos do nosso cotidiano para este mundo bizarro.
Claro que JK Rowling não se espelhou na obra de George Lucas - provavelmente são todas coincidências entre as duas sagas. O sucesso, porém, não deveria espantar ninguém. Provavelmente daqui a 20 anos, haverá outra onda com pessoas em polvorosa se vestindo de personagem e indo pagar mico em cinemas e livrarias.
ps. Conversando com amigos, após escrever este texto, dei-me conta que "Senhor dos Anéis" também tem premissas muito parecidas - só eu que não atentei para isso. Deve ser a minha inexperiência em "épicos fantásticos".
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