domingo, 31 de março de 2002

saia no meio da noite, saia na madrugada, saia de casa quando ninguém mais o faz, saia sem idéia de destino, saia para caminhar.

ande aleatoriamente, ou marque um objetivo simples.

ultrapasse-o e marque outro objetivo simples.
quando pensar que um desses é impossível, alcance-o e volte para casa.

dormirás que nem um anjo.

sábado, 30 de março de 2002

dê a volta ao mundo com os blogs;
leia mais;
ontem eu descobri o motivo de escutar música em lp ser mais prazeroso do que em cd;

o lp consegue transpor todas as freqüências que o músico produz; todas as nuanças, toda a profundidade das linhas côncavas e convexas; todos os meandros; todos os detalhes inaudíveis que nunca ninguém parece prestar a atenção;

o cd corta todos os sons supérfluos, porque passam abaixo da freqüência entendida pelo ouvido humano; e mais racional, econômico, prático.

sexta-feira, 29 de março de 2002

a única coisa digna de pauta para ser colocada aqui é dizer que preciso me alimentar.

por esse único motivo, vou para um churrasco hoje, nessa sexta-feira.

deixei meu catolicismo quando tinha 11 anos e ainda era um robozinho.

>>>>>>>>>>

ontem ouvi e vi que temos uma época para sermos agitados. se não o formos quando criança, seremos quando adultos. não há escapatória...

quinta-feira, 28 de março de 2002

estou aqui em frente a esse teclado esperando a palavra correta para colocar aqui.

acho, porém, que ela não existe. que é apenas uma invenção da minha cabeça.
como se fosse uma utopia. um lugar inexistente que as pessoas acreditam. para poder se sentir melhor.
ou, de supetão, te surpreende. quando cruza uma rua. ou quando acorda. aquela palavra correta, perfeita, dolorida e incolor.
e ai? e ai?

já ouvi gente dizer que quando encontramos a palavra perfeita, nada mais importa.

alguém já encontrou a palavra perfeita?

terça-feira, 26 de março de 2002

quando é que nós temos uma noite doce?

será que é quando temos uma noite sem sobressaltos,
sem correria,
sem necessidade de andar ligeiro?

será que é quando fechamos os olhos e deixamos os barulhos nos guiar?

será que é quando sentimos todos os cheiros e reparamos nos detalhes?

será que é quando acontece tudo o que era imprevisto. ou ainda o impossível. o impossível acontece. será?

será? será? será?

hoje eu já nao quero certezas. e me acostumo em me perguntar todas as noites as mesmas coisas.
às vezes fico me perguntando se eu posso para trazer a dúvida para as pessoas.
naquelas horas onde tudo parece perfeito porque tudo anda sem nenhuma ajuda,
eu chego e derrubo os castelos
só porque eram feitos de nada.

às vezes nem preciso mexer com a verdade,
basta que eu coloque todas as situações que acontecem,
que, com a estrutura toda corroída por cupins, ou coisa que o valha,
vejo - sinto o chão tremer.

será isso correto?

segunda-feira, 25 de março de 2002

agora eu tenho que duelar com a minha internet também.
é um novo esporte.
imploramos de joelhos, óbvio, para que ela funcione certinha e que nada aconteça fora do comum.

mas, temos que entender que nem todas você pode ganhar dela. fique no canto e ataque pelos flancos.

sábado, 23 de março de 2002

hoje me disseram que eu estava entrando no meu inferno astral.
pior, me disseram por email.
não sei como acreditar nisso.
por mais que tudo possa ser explicado por uma repetição cíclica dos acontecimentos, por isso o que vai acontecer já aconteceu, e vice-versa, sendo possível o estudo das probabilidades de acontecimentos, acho que tudo, é exatamente isso.
probabilidade nada mais.

e papo furado para vender revista.

quarta-feira, 20 de março de 2002

vou ficar um dia sem dizer nada.
só como forma de expurgar essa falta de criatividade que tem hoje aqui.

vou gastar minha cabeça, nesse dia, só com as coisas necessárias. e legais.

nada mais.

mas, que dia vai ser esse?

terça-feira, 19 de março de 2002

liberdade.
a única palavra que me vem na cabeça.

não depender de nada para agir. estar livre. e pobre.

como ser independente e não morrer de fome?

essa é a pergunta que não quer calar há um bocado de tempo...

segunda-feira, 18 de março de 2002

há mais ou menos um ano atrás... mais ou menos, digo, porque não há tempo concebido. não foi marcado a hora exata em que ele nasceu. mas lembramos que na época fazia tanto calor quanto agora. e existia um cheiro de mudanças no "ar".

o chinewski. é um site. era um projeto. era uma vontade de colocar no "ar", algo que havíamos (eu + iuri) combinado, sem tratados nem assinaturas, desde a minha entrada na faculdade. tínhamos que fazer algo. tínhamos que produzir. no sentido mais nobre da palavra. criar algo que se pensa novo. algo que, pelo menos, tenta se pensar. algo que tenta. algo.

o chinewski era e o chinewski é. tem apenas um ano mas tem um ano. e eu juro que é a última vez que falo nele. (porém, espanta-me ter sobrevivido tanto...)

o chinewski é um site. que me apresentou para a escrita. que me viciou. não consigo mais viver sem isso. por ele e com ele, pensei e penso em mudar radicalmente de vida. e quando isso for para o "ar", tudo pode estar diferente já. por ele e com ele, resolvi criar um blog. esse blog que eu escrevo agora. por ele e com ele, descobri que qualquer um pode escrever. precisa apenas de paciência e lápis e papel.

www.chinewski.com o endereço. talvez o que eu mais me orgulho.

domingo, 17 de março de 2002

estreiou no centro cultural dos correios, ao lado do ccbb, uma peça com um texto de um cara chamado franz kafka. a peça se chama "cartas ao meu pai" e é a leitura em monólogo de cartas que o tal kafka escreveu para o pai dele durante a vida inteira. porém, ele nunca quis que os seus textos fossem levados a público. principalmente este, na qual ele se mostra por inteiro, com todos os seus defeitos e as características que ele achava justas.
todos os dias têm um quê de angústia característico. como agüentar a terça-feira e a sua distância do final-de-semana que também pode ser traduzido em liberdade condicional? e isso é só um exemplo.

sábado, 16 de março de 2002

e se descobríssemos hoje, agora, nesse exato momento, que podemos exemplificar o tempo de uma maneira visual?

se dissesse que o tempo nada mais é do que uma colmeia de abelhas. de qualquer tipo, isso realmente não importa.

que cada gomo representasse um instante finito dentro de uma visão externa e distante. que cada gomo, ao se juntar ao outro gomo poderia formar um movimento, ou uma imobilidade. e que não pudéssemos ver o fim das junções de gomos. seriam gomos profundos em seqüência horizontal e vertical e em profundidade. e ainda existiria uma quarta forma de se observar, a parte de dentro. como se abríssemos a colmeia e olhássemos de dentro. cada gomo seria profundo, isso já é conclusivo, mas dentro de cada gomo poderiam passar outros gomos o cortando. havendo assim um entrelaçamento. e os entrelaçamentos não poderiam ser vistos ao todo. ou você perderia a conta de todos os entrelaçamentos. e dentro de cada gomo teria ainda outra colmeia com gomos menores entrelaçados e em seqüência.

sexta-feira, 15 de março de 2002

um dia longe e eu já me sinto na obrigação de desculpar-me comigo mesmo.
nada nem ninguém intereferem nesse microcosmo onde não há nada nem ninguém que habite.
como se fosse a representação do vácuo.
nada. um nada absoluto. nem ninguém.

decepar. decepção.

quarta-feira, 13 de março de 2002

se eu soubesse do futuro, alguma coisa modificaria na minha vida?
se eu soubesse o que me aconteceria daqui a 6 anos, 6 meses, 6 semanas ou até um dia, será que eu nao ficaria em casa esperando?

será que o futuro é o mesmo quando se sabe do futuro? será que o futuro não muda, depois que o futuro não é mais futuro?

ontem eu escutei que o único lugar onde o passado é belo, é na memória. e onde o passado é mais traiçoeiro.

e o futuro? o futuro é a terra da angústia para quem nao quer o presente.
só sei isso.

o futuro é a certeza da minha incerteza

terça-feira, 12 de março de 2002

retiro o maravilhoso abaixo.
tenho que cuidar dos adjetivos.
eles sobem pela manga da camisa querendo aportar em alguma coisa. querem espaço.
coitados. são inocentes e carentes. e caretas. e pequenos. às vezes grandes. às vezes indecisos.
adjetivam qualquer substantivo que mostre o rosto. gordo, feio, espinhento, sebento, xexelento.
por isso, se você for um substantivo, cuidado com o adjetivos. pesados, incômodos, intrometidos.
quantos olhares existem para a mesma vista?
se tu olhares para aquele lado ali, aquele que meus olhos apontam, aquele que meu nariz insiste em me mostrar, na direção do céu aberto, do seu céu aberto, onde não há nada acima, e o olhar pode se perder, onde a onda não chega, onde o horizonte termina, onde avistamos a dobra do mundo, onde os azuis e verdes se confundem, será que tu virás a mesma coisa que eu?

resta-me perguntar apenas.
e enquanto houver perguntas, há algum motivo para continuar.
essa é a certeza. e isso me tranqüiliza.
como se eu tivesse que apenas colocar uma interrogação ao final de uma frase aleatória.
como se eu tivesse que teclar, escrever, falar, juntar sílabas, palavras, frases e até letras sem ordens.
e depois apenas colocasse um sinal.
alguém já disse que tudo já foi dito do nada. pois tudo está contido no primeiro instante que para ser instante deve conter todo o seu inverso intrínseco. Como se o negativo fosse parte integrante do positivo.
e se só houvesse a definição de algo se houvesse algo para negar esse algo inicial.
como se só houvesse o sim e o não e todas as nuanças que intermedeiam esses vértices.
como se fosse tudo ligado e ao mesmo tempo livre.

ah, os maravilhosos paradoxos.

segunda-feira, 11 de março de 2002

como ser genial quando se é apenas medíocre?
como nao errar quando se tem que fazer coisas simples?
somos apenas pessoas que olham telas em branco sendo preenchidas. somos uma massa. somos a massa. somos o calor que esquenta o asfalto que treme. somos o suor que escorre nas costas. somos a janela fechada ou aberta. somos o cortador de grama. somos o comum. somos o normal. somos mais um. somos sem rostos. somos, estamos, existimos, habitamos. somos números. somos apenas referências para informações. somos o corpo que se esconde atrás das sombras. somos a escuridão. somos qualquer coisa que prentedíamos ser. se soubermos como chegarmos. apenas isso. e, às vezes, até duvidamos disso tudo.
pronto. escrevo agora do trabalho também.

domingo, 10 de março de 2002

às vezes perco a esperança. no humano. no ser. acho que nada mais pode me surpreender. e sem a surpresa, nao posso admirar. nao posso admirar algo comum. e a admiração é a fonte da paixão. apaixona-se por aqui que espelha-se. aquilo almejado. aquilo que quer e pode ser atingido. sem surpresa nao há paixão. mas a surpresa nao seria surpresa se fosse dita com antecedência. a surpresa chega de mansinho e dá um susto. no meio da escuridão. e com essas surpresas reanimo a esperança. percebo, entretanto, que a quantidade de sustos diminui progressivamente. mas, enquanto houver isso, acho que posso continuar.

sábado, 9 de março de 2002

informações. preciso de informações.
como, porexemplo (junto é claro), mudar essa frase ridícula aqui do lado? A única frase boa, é a frase recém-nascida.
pára de tremer. pára de piscar. pára de me desafiar a preencher. pára de ficar ai na frente dizendo "vamos, é a sua vez". você nao desiste? só pára quando eu escrevo. fica ai, na minha frente. eu quero que vc pare. o que eu posso fazer? além de escrever.
perguntar. perguntas. perguntar. perguntar perguntar. perguntar. peguntar. o quê?
conto no canto. canto no conto. conto. canto. canto? conto. nao canto. nao canto mesmo. nao adianta insistir. só conto. é só perguntar.