sexta-feira, 2 de abril de 2004

" individualismo contemporâneo privilegia publicitariamente a auto-proteção, o sucesso calculado e a tranquilidade presente e futura, enquanto um grande número de sujeitos mergulha em estados depressivos complexos, em que a frustração abre as portas a novos estados de dependência psicológica e médica. Terapias de todo tipo tentam a todo custo nos livrar da angústia de sermos absolutamente livres, desenvolvendo mais mecânicas de adaptação.

No plano cultural, vivemos no mundo das convenções mais esmagadoras, e somos incapazes de tolerar, entender ou desejar novidades que transtornem nossos consensos e abram novas perspectivas. Mesmo porque o não-convencional exige um bom esforço de entendimento, e a preguiça mental vai se tornando regra, num mundo em que grande parte da energia é gasta em cuidados com a aparência física, social, profissional ou acadêmica. Estudamos, lemos e escrevemos burocraticamente, para cumprir metas profissionais ou encher o tempo _e não para aprender a ser livres ou difundir o gosto pela liberdade."

Alcino Leite Neto, o nome do autor desse texto. Correspondente da Folha em terras francesas, colunista on-line.

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