As minhas férias deste ano foram uma viagem na História. Não houve, diferentemente das últimas, para a Argentina, nenhum momento de êxtase - como quando estávamos em Chálten - ou de identificação extrema - como as caminhadas por Buenos Aires. Funcionou como uma forma de conhecer o passado.
Cada uma das cidades visitadas representavam períodos históricos específicos. Tipo: Roma, império romano, claro; Köln, fim da idade média, período gótico; Florença, Renascimento, época em que Botticelli, Leonardo e Michelangelo conviveram; Berlim, século xx.
Claro que essas determinações não são concretas. E só em um único lugar de Roma, a igreja de São Clemente, próximo do Coliseu, foram encontradas ruínas de um templo em homenagem a uma deusa persa, que foi soterrado por uma igreja do século iv, para onde teriam sido levados os restos mortais do São Clemente, levados por São Cilírico e São Metódico, que por sua vez foi soterrado por uma outra igreja, do século xii, também em homenagem a São Clemente.
Ou em Berlim que, ao lado do Check Point Charlie, o famoso muro foi construído sobre as ruínas de prédios nazistas.
Centenas de anos dos europeus dão uma certa vantagem a eles. Mas isso não quer dizer, é claro, que se tivermos o mesmo tempo histórico, alcançaremos a organização alemã e o passado artístico italiano. Cada país tem os seus problemas particulares e deve conseguir arranjar as suas próprias soluções.
Cheguei a essa conclusão após ficar matutando sobre Cinque Terre, uma região que reúne cinco paesi, na Ligúria, a uma hora de Gênova e cinco minutos de La Spezia, que juntos têm menos de cinco mil habitantes. Os povoadinhos são favelinhas que se transformaram em pontos turísticos porque à beira do Mar Mediterrâneo são, realmente, muito bonitos.
Mas, por mais que a Rocinha e o Vidigal estejam recebendo mais e mais turistas, não posso imaginar que algum dia o Alemão vá ser procurado por um contingente de visitantes muito grande. Além do mais, as favelas do complexo, juntas, têm, provavelmente, mais habitantes que em toda a Ligúria. Ou seja, o nosso caso é, bem, mais complexo.
Um comentário:
E pro ano que vem, vc quer o quê?
Love.
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