Toda obra de arte institui um espaço de fruição que remete ao templo das religiões, em que implica um “religare” que não é religião, mas religiosidade, que não é culto, é rito. Para poder entrar ali e fruir a obra, você precisa da senha! Como uma espécie de maçonaria. Se você dispuser dessa senha, entra nesse templo; se não, fica de fora. Mozart percebeu esse teor quase secreto da grande Arte e foi buscar literalmente na maçonaria seus esconderijos. Mas a ideia de uma “maçonaria” não precisa de maçons e da maçonaria em si: ela se faz presente na composição, na música. Existem rito e templo: o templo são as salas de concertos, os teatros, e toda música executada ao ar livre é a morte da grande música. O templo é uma redoma acústica onde há condições ideais de apreciação do sonoro. A entrada pode ser livre, mas para adentrar ali e fazer parte deste rito você tem que ter a senha. E a senha é o mergulho profundo, o conhecimento e a predisposição. Algo que pode estar presente na pessoa mais analfabeta e desprivilegiada desse mundo. [daqui]Na pós-graduação, tivemos uma cadeira sobre música. Lemos muito sobre o eletroacústico, inclusive textos desse Flo Menezes. Gostava mais das ideias que ele pregava, contra uma representatividade da arte, que, de certa forma, já havia sido exposta com o fim do formalismo na pintura, que da sua própria música. Agora, é possível lê-lo e escutá-lo ao mesmo tempo.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Representação na música
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