A beleza é a categoria
do que é belo. E o belo é algo praticamente inexplicável. Praticamente, mas,
ainda, assim, tentável. Diz-se que o gosto é subjetivo, cada um tem um seu. Mas
como justificar que, se o gosto é assim algo tão pessoal, tão verdadeiramente
individual, como defender que temos a certeza inquebrantável de que as pessoas
vão achar belo aquilo que nós achamos, como se fosse algo evidente? Quando
vemos, ouvimos, temos acesso a algo belo, somos tomados de uma certeza tão
profunda, tão verdadeira, tão plantada em nossas raízes que esquecemos dessa
origem, olvidamos que somos pessoas isoladas umas das outras e não cogitamos a
hipótese de esse sentimento tão arrebatador ser somente nosso. É como se a
beleza tocasse em algum pedaço da nossa personalidade que estaria anterior à
individualidade, fosse formada antes dessa separação, que atingisse uma área do
nosso ser ainda mais seminal, em que não identificamos nossa própria
personalidade, algo ainda mais original, quando não nos separamos dos demais,
num panteísmo ateu. É como se houvesse uma visão, uma revelação e nos colocamos,
nos vemos assim, como representante dos homens e mulheres do mundo, um
representante representativo, que se foi emocionado, se foi tocado pela beleza,
essa fada-madrinha, essa musa, todas as pessoas, por serem igualmente humanas,
também seriam sensibilizadas.
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