Vi esse pacote apocalíptico do governo estadual, depois da série de pacotes apocalípticos do governo federal, depois da eleição de um prefeito apocalíptico, ligado à Igreja Universal, e fiquei pensando: o que podemos fazer?
Em outras palavras: se acreditamos que há um descompasso imenso entre um discurso de austeridade e uma prática de aumentos de salários e benefícios para políticos e juízes, entre a suposta necessidade de cortes e a continua prática de isenções fiscais, feitas com, no mínimo, pouco esmero, o que podemos fazer?
Ainda: se não formos partidários da ideia de que esse é um remédio amargo para uma doença crônica, se percebermos que quem, como sempre, está pagando o pato é o andar de baixo, enquanto os ricos aumentam sua distância dos pobres, o que, cazzo, podemos fazer?
A resposta mais óbvia: protestar. Mas como? Que tipo de protesto? Aos domingos, fechando ruas da orla carioca - que já é normalmente fechada? Em dias de semana, interrompendo o trânsito no Centro da cidade, causando incômodo?
Qual é a garantia de manifestações? Demonstrar a insatisfação publicamente é o suficiente para que os mandatários mudem de posição? Ou eles podem simplesmente ignorar totalmente os protestos, como um pai generoso que olha a pirraça do filho e acha fofo? Ou ainda pior: e se eles capitalizarem essas manifestações para determinados fins, diferentes do que imaginamos?
Quantas pessoas são suficientes em um protesto para ter algum tipo de retorno? Seremos protegidos ou agredidos pela PM? Avisaremos com antecedência nosso trajeto? A manifestação será coberta pelas TVs? E se cobertas: qual será o tom? Seremos manifestantes ou vândalos?
Quais atitudes podemos tomar durante a caminhada? Podemos cantar palavras de ordem? Podemos xingar governantes? Podemos levar cartazes sugerindo a mudança do governo? Podemos pedir a morte de políticos?
Como chamar a atenção para a nossa insatisfação? Como não deixar que a manifestação seja domesticada? Como fazer com que os governantes nos escutem? Um protesto em um protestódromo seria eficiente? Qual grau de incômodo estamos dispostos a aceitar de manifestações contrárias às nossas intenções?
Podemos andar fora do trajeto determinado? Podemos revidar uma agressão de um policial? Podemos sequestrar embaixador americano, alemão, japonês? Podemos matar empresários que financiam estruturas de tortura?
Como demonstrar nossa insatisfação? Podemos quebrar símbolos do Estado? Podemos quebrar vidraças de banco? Podemos tacar fogo em lixeiras? Podemos jogar coquetel molotov? Podemos exibir nossa raiva e frustração contra a precarização da educação, as filas de hospitais, a corrupção generalizada?
A morte de um tirano é justificada? Como decidir quem é tirano? Quem decide isso? Quais são os critérios?
O que podemos fazer, quando o horizonte parece tão pouco promissor, para voltar a ter um respiro de esperança?
Em outras palavras: se acreditamos que há um descompasso imenso entre um discurso de austeridade e uma prática de aumentos de salários e benefícios para políticos e juízes, entre a suposta necessidade de cortes e a continua prática de isenções fiscais, feitas com, no mínimo, pouco esmero, o que podemos fazer?
Ainda: se não formos partidários da ideia de que esse é um remédio amargo para uma doença crônica, se percebermos que quem, como sempre, está pagando o pato é o andar de baixo, enquanto os ricos aumentam sua distância dos pobres, o que, cazzo, podemos fazer?
A resposta mais óbvia: protestar. Mas como? Que tipo de protesto? Aos domingos, fechando ruas da orla carioca - que já é normalmente fechada? Em dias de semana, interrompendo o trânsito no Centro da cidade, causando incômodo?
Qual é a garantia de manifestações? Demonstrar a insatisfação publicamente é o suficiente para que os mandatários mudem de posição? Ou eles podem simplesmente ignorar totalmente os protestos, como um pai generoso que olha a pirraça do filho e acha fofo? Ou ainda pior: e se eles capitalizarem essas manifestações para determinados fins, diferentes do que imaginamos?
Quantas pessoas são suficientes em um protesto para ter algum tipo de retorno? Seremos protegidos ou agredidos pela PM? Avisaremos com antecedência nosso trajeto? A manifestação será coberta pelas TVs? E se cobertas: qual será o tom? Seremos manifestantes ou vândalos?
Quais atitudes podemos tomar durante a caminhada? Podemos cantar palavras de ordem? Podemos xingar governantes? Podemos levar cartazes sugerindo a mudança do governo? Podemos pedir a morte de políticos?
Como chamar a atenção para a nossa insatisfação? Como não deixar que a manifestação seja domesticada? Como fazer com que os governantes nos escutem? Um protesto em um protestódromo seria eficiente? Qual grau de incômodo estamos dispostos a aceitar de manifestações contrárias às nossas intenções?
Podemos andar fora do trajeto determinado? Podemos revidar uma agressão de um policial? Podemos sequestrar embaixador americano, alemão, japonês? Podemos matar empresários que financiam estruturas de tortura?
Como demonstrar nossa insatisfação? Podemos quebrar símbolos do Estado? Podemos quebrar vidraças de banco? Podemos tacar fogo em lixeiras? Podemos jogar coquetel molotov? Podemos exibir nossa raiva e frustração contra a precarização da educação, as filas de hospitais, a corrupção generalizada?
A morte de um tirano é justificada? Como decidir quem é tirano? Quem decide isso? Quais são os critérios?
O que podemos fazer, quando o horizonte parece tão pouco promissor, para voltar a ter um respiro de esperança?
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