O ato neste dia 1o foi tão pacífico que beirou o tédio - o que, por um lado, é ótimo. Basicamente nomes de grupos da sociedade civil fazendo um discurso na escadaria da Câmara. Clima de festa, bonito para quem estava lá. O que, aliás, parecia ser o caminho do da sexta feira. Cheguei tarde e não vi um policiamento ostensivo*, mas soube que os manifestantes chegaram a entregar flores no início para os que estavam aqui.
Por que a recepção foi tão diferente da de sexta, então?
Hipótese 1: as forças de segurança perceberam que atacar covardemente parte da sociedade organizada, principalmente da classe média, gera backlash. Hoje vi até publicitário mauricinho conhecido aqui. A polícia então recuou para que a manifestação perdesse força sozinha.
Hipótese 2: a paralisação de sexta incomodou porque interrompeu o fluxo cotidiano das cidades. Em outras palavras, exatamente porque atrapalhou o tal direito de ir e vir (quero ver o tal direito sendo exercido com passagem acima dos 5 reais, como estão reportando hoje).
Tanto a hipótese 1 como a 2 nos levam a pensar que: atos, mesmo os grandes, quando em feriados, sem criar um problema para a cidade, não tem tanta repercussão. Sem a voz amplificada, é necessário chamar atenção para as suas demandas, da forma como conseguir. As greves ainda funcionam e bem.
* no finalzinho do ato, a mestre de cerimônias pediu ajuda a advogados porque policiais tinham prendido três garotos injustificadamente. Uma multidão automaticamente saiu em direção das ruas de trás da Cinelândia e, depois de zanzar por cinco minutos, encontrou um grupo de robocops encurralando um rapaz vestido de preto. Para evitar que os policiais abusassem da força, a multidão sacou celulares para filmar o procedimento. Acho que temos alguma coisa aí.
Ps. Por uma dessas coincidências da vida, o ônibus que peguei para voltar para casa estava cheio de jovens e adolescentes cantando... hinos religiosos. Cantaram até uma versão em português de "Hallelujah", do Leonard Cohen. Curioso como uma geração de rapazes e moças gastam sua libido em agremiações religiosas, ainda hoje em dia. Também acho que tem alguma coisa aí.
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