Existe uma concepção estagnada sobre o que é verdade (ou talvez de uma verdade estagnada) – provavelmente pensada como uma herdeira de um conceito eterno, que poderia funcionar sob toda e qualquer circunstância. Uma espécie de linha reta abstrata, uma formulação que não pode ser comprovada nem pela matemática (já que toda reta é apenas um fragmento de uma curva bem maior). Há vários problemas com esse tipo de verdade.
Um deles é a sua impossibilidade de existência: não existe nada que seja absolutamente imutável, que não se modifica em relação um evento exterior. Toda e qualquer assunção deve ser determinada por algum tipo de parâmetro. Não é possível estabelecer uma prerrogativa que funcionaria diante de toda e qualquer circunstância. Não haveria, portanto, verdade “absoluta”, ou, dito de outra maneira, transcendental.
A segunda questão problemática é de que como a ideia de uma verdade estanque serve, em todos os casos, como mecanismo de opressão contra determinados grupos. Em outras palavras, uma ideia de verdade – ou Verdade, para diferenciar de outro tipo de verdade, que há – serve para criação do que pior se pensou e se praticou como metafísica: como hierarquia de valores, em que alguns participam da festa dos bem-aventurados, enquanto outros são relegados ao pântano da falsidade, da mentira, da inferioridade.
Um tipo de esquema que funciona dentro da tradição, por exemplo, cristã, em que, por meio de intermediários divinos, como padres, pastores e asseclas, sabe-se o que é a Verdade e o que devemos fazer para segui-la. Boas ações, compra de indulgências, pagar o dízimo, odiar gays e seguidores de religiões de matriz africana, a lista se modifica a partir de cada uma das interpretações (o que só reforça o caráter impossível da Verdade). Quem não conseguir manter esse tipo de comportamento é excluído do seio da comunidade da qual fazia parte, é visto como um fora-de-casta.
Essa produção de uma verdade nos moldes de uma Verdade, ou seja, a falsificação de uma concepção que funcionaria em toda e qualquer circunstância não é, claro, uma exclusividade da vida religiosa (apesar de ser um aspecto bem característico dos dogmatismos da fé). O tipo de comportamento, por exemplo, em relação ao Mercado, esse nome adocicado para o capitalismo, é bem parecido a esse: não se pode colocar qualquer tipo de interrogação no caminho do Mercado, sob a pena de ser considerado ingênuo ou utópico. O Mercado é, do jeito que é, e não há alternativa a ele. Deve-se aceitá-lo, engoli-lo e ainda ficar satisfeito com as regras impostas.
O que Nietzsche faz é deslocar a ideia de verdade para uma posição outra que não a da detentora de uma atemporalidade, ou de um caráter transcendental. Ele não “acaba” com a verdade, ele destrói a Verdade. (nota: desenvolver melhor a diferença entre verdade e Verdade.) Ele não quer arremessar o pensamento para uma igualdade de posições em que toda e qualquer frase tem o mesmo peso – o mesmo valor, tentando usar um termo mais caro a ele – já que não haveria a Verdade. Ele é contrário à ideia de que na ausência de uma Verdade, todos os outros valores se equivalem. Em suma: ele não bate de ombros dizendo que “tanto faz”.
Ao contrário: o Nietzsche ao qual eu me filio é favorável, inclusive, a produção de outras verdades, estabelecidas dentro dos seus próprios contextos. Ele acredita que as verdades estão sempre em disputas e que não haveria como estabelecer uma verdade que seja indiferente à(s) outra(s).
A própria ideia de Verdade é a maior mentira que já nos contaram.
Um deles é a sua impossibilidade de existência: não existe nada que seja absolutamente imutável, que não se modifica em relação um evento exterior. Toda e qualquer assunção deve ser determinada por algum tipo de parâmetro. Não é possível estabelecer uma prerrogativa que funcionaria diante de toda e qualquer circunstância. Não haveria, portanto, verdade “absoluta”, ou, dito de outra maneira, transcendental.
A segunda questão problemática é de que como a ideia de uma verdade estanque serve, em todos os casos, como mecanismo de opressão contra determinados grupos. Em outras palavras, uma ideia de verdade – ou Verdade, para diferenciar de outro tipo de verdade, que há – serve para criação do que pior se pensou e se praticou como metafísica: como hierarquia de valores, em que alguns participam da festa dos bem-aventurados, enquanto outros são relegados ao pântano da falsidade, da mentira, da inferioridade.
Um tipo de esquema que funciona dentro da tradição, por exemplo, cristã, em que, por meio de intermediários divinos, como padres, pastores e asseclas, sabe-se o que é a Verdade e o que devemos fazer para segui-la. Boas ações, compra de indulgências, pagar o dízimo, odiar gays e seguidores de religiões de matriz africana, a lista se modifica a partir de cada uma das interpretações (o que só reforça o caráter impossível da Verdade). Quem não conseguir manter esse tipo de comportamento é excluído do seio da comunidade da qual fazia parte, é visto como um fora-de-casta.
Essa produção de uma verdade nos moldes de uma Verdade, ou seja, a falsificação de uma concepção que funcionaria em toda e qualquer circunstância não é, claro, uma exclusividade da vida religiosa (apesar de ser um aspecto bem característico dos dogmatismos da fé). O tipo de comportamento, por exemplo, em relação ao Mercado, esse nome adocicado para o capitalismo, é bem parecido a esse: não se pode colocar qualquer tipo de interrogação no caminho do Mercado, sob a pena de ser considerado ingênuo ou utópico. O Mercado é, do jeito que é, e não há alternativa a ele. Deve-se aceitá-lo, engoli-lo e ainda ficar satisfeito com as regras impostas.
O que Nietzsche faz é deslocar a ideia de verdade para uma posição outra que não a da detentora de uma atemporalidade, ou de um caráter transcendental. Ele não “acaba” com a verdade, ele destrói a Verdade. (nota: desenvolver melhor a diferença entre verdade e Verdade.) Ele não quer arremessar o pensamento para uma igualdade de posições em que toda e qualquer frase tem o mesmo peso – o mesmo valor, tentando usar um termo mais caro a ele – já que não haveria a Verdade. Ele é contrário à ideia de que na ausência de uma Verdade, todos os outros valores se equivalem. Em suma: ele não bate de ombros dizendo que “tanto faz”.
Ao contrário: o Nietzsche ao qual eu me filio é favorável, inclusive, a produção de outras verdades, estabelecidas dentro dos seus próprios contextos. Ele acredita que as verdades estão sempre em disputas e que não haveria como estabelecer uma verdade que seja indiferente à(s) outra(s).
A própria ideia de Verdade é a maior mentira que já nos contaram.
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