O Covid-19 é visto pelos mais pobres como uma doença de ricos. É uma hipótese ainda, mas cheia de convicção. Não que os pobres não vão morrer – ao contrário. Vão morrer até mais, proporcionalmente, que os mais ricos. Mas, mais uma vez: só quando o modo de vida dos ricos é afetado que isso chama atenção do status quo.
Porque poderíamos pensar que já vivemos outras epidemias: Quantas pessoas morrem vítimas de armas de fogo, por exemplo? Quantas de tuberculose? Quantas de dengue? Quando uma criança morre atingida por uma bala perdida, os jornais fazem burocraticamente reportagens que denunciam a repetição do capítulo. Assistimos, nos emocionamos com algumas cenas, e logo esquecemos e continuamos nossas vidas.
Viver no limite, jogar roleta-russa com uma arma cujo tambor tem pouca capacidade já é o cotidiano da imensa maioria da população brasileira. Ser mal atendido nos hospitais, penar para conseguir qualquer cuidado sanitário, ser visto como cidadão de segunda, terceira categoria... O que mudou, na prática, para os que são sempre mais atingidos? O covid-19 foi apenas mais uma bala a colocar nesse pequeno tambor. Há uns anos foi a zika, depois a chikungunya... A cada ano, uma nova bala e ninguém se importa, de verdade, com eles.
Por isso o papo do Bolsonaro pegou facilmente – e vemos uma migração do apoio para as classes mais baixas. Ninguém quer morrer, ao contrário, mas se sabe que sem trabalhar eles VÃO morrer – e aos poucos. Vão sentir as dificuldades se aproximando e se sentirão de mãos atadas. E não há nada pior que a impotência.
B. sugere que eles tentem a sorte. Qual foi o governante que teve a coragem de dizer isso com todas as letras? Foram todos hipócritas, do ponto-de-vista das promessas não cumpridas. Por isso B. é visto como verdadeiro, por não fazer o jogo das promessas vazias. Fala a “verdade”.
Os mais pobres têm que desviar de bala perdida, de invasão da polícia na hora da saída para o trabalho, desviar do valão de esgoto, da água empoçada, do lixo não recolhido... o vírus é apenas mais um “desvio”. E essa preocupação toda? Uma “coisa de rico”.
Porque poderíamos pensar que já vivemos outras epidemias: Quantas pessoas morrem vítimas de armas de fogo, por exemplo? Quantas de tuberculose? Quantas de dengue? Quando uma criança morre atingida por uma bala perdida, os jornais fazem burocraticamente reportagens que denunciam a repetição do capítulo. Assistimos, nos emocionamos com algumas cenas, e logo esquecemos e continuamos nossas vidas.
Viver no limite, jogar roleta-russa com uma arma cujo tambor tem pouca capacidade já é o cotidiano da imensa maioria da população brasileira. Ser mal atendido nos hospitais, penar para conseguir qualquer cuidado sanitário, ser visto como cidadão de segunda, terceira categoria... O que mudou, na prática, para os que são sempre mais atingidos? O covid-19 foi apenas mais uma bala a colocar nesse pequeno tambor. Há uns anos foi a zika, depois a chikungunya... A cada ano, uma nova bala e ninguém se importa, de verdade, com eles.
Por isso o papo do Bolsonaro pegou facilmente – e vemos uma migração do apoio para as classes mais baixas. Ninguém quer morrer, ao contrário, mas se sabe que sem trabalhar eles VÃO morrer – e aos poucos. Vão sentir as dificuldades se aproximando e se sentirão de mãos atadas. E não há nada pior que a impotência.
B. sugere que eles tentem a sorte. Qual foi o governante que teve a coragem de dizer isso com todas as letras? Foram todos hipócritas, do ponto-de-vista das promessas não cumpridas. Por isso B. é visto como verdadeiro, por não fazer o jogo das promessas vazias. Fala a “verdade”.
Os mais pobres têm que desviar de bala perdida, de invasão da polícia na hora da saída para o trabalho, desviar do valão de esgoto, da água empoçada, do lixo não recolhido... o vírus é apenas mais um “desvio”. E essa preocupação toda? Uma “coisa de rico”.
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