quinta-feira, 26 de junho de 2008

Três mundos

Vendo "Do outro lado", filme do diretor alemão-turco Fatih Akin, sentimos como somos parecidos com a Turquia: preconceituosos, burocráticos, pobres e violentos - entre diversos outros detalhes. Já a Alemanha, também retratada no filme, bem, a Alemanha é a Alemanha, não precisa dizer muito mais. Organização e limpeza devem ser o sobrenome da república.

Em determinado momento do longa, um alemão-turco (uma espécie de retrato do diretor que sugere a pergunta: qual é a nacionalidade de um filho de pais turcos nascido na Alemanha?) vai (volta?) a Instambul, para ajudar uma personagem turca. Mas os policiais que a identificam sugerem, por motivos que só ficam claros muito depois, que ele ajude as crianças curdas, normalmente analfabetas, que vivem nas ruas da cidade.

O que me leva a pensar que, novamente, estamos vivendo uma divisão em três mundos, com o Brasil, obviamente, se localizando no segundo lugar.

Os brasileiros não passamos fome, como acontece com países da África subsaariana, mas continuamos com problemas que a Europa Ocidental resolveu há décadas, talvez séculos, como a universalização do ensino.

Temos indústria pesada, que gera lucros exorbitantes, e poluição idem. Enquanto isso, os japoneses desenvolvem projetos de nanotecnologia e os curdos não têm nem um país para chamar de seu.

Imigramos ilegalmente para EUA, Portugal, Inglaterra, como boa parte da América Latina e recebemos bolivianos, que estão criando uma colônia em São Paulo.

Enquanto isso, a União Européia dificulta a entrada da Turquia para o clubinho, o que poderia ajudar a alavancar a economia turca e também provocar um imigração em massa para a Alemanha e outros países. Curiosamente foram os alemães a "convidar" os turcos, ainda no início do século xx, para ajudar a reconstruir o país, trabalhando em áreas de mão-de-obra pouco qualificada. Abriram a porteira.

Os turcos são a personificação do estrangeiro errado na Alemanha, um dos países mais liberais que há, sem considerar os nórdicos, claro. São os argelinos da França, os latino-americanos na Espanha.

E ainda têm que aguentar a derrota da sua seleção - que tem dois alemães-turcos - para a adversária.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Estatística do medo

O Rio não está nem entre as 200 cidades mais violentas, se considerarmos a taxa número de homicídios por habitantes. Entretanto, como qualquer número, esse não demonstra toda a realidade.

Semana passada, o ator Lázaro Ramos escreveu uma carta para um jornal de Salvador falando que as pessoas lá acham que "tá ficando que nem o Rio". Provavelmente, na estatística, o Rio é menos violento que Salvador, mas as pessoas têm uma percepção diferente.

E o que vale, no fim das contas, é a percepção, que não tem como ser mensurada. Se vc perguntar a qualquer pessoa qual é a cidade mais violenta do Brasil, o Rio chega na frente.

Claro que isso é fruto de uma série de desinformações, tais como a ignorância dos dados estatísticos, a não propagação desse tipo de notícia, a cultura do medo, a espiral da violência como fato jornalístico e por último, mas não menos importante, a presença da periferia carioca dentro das suas áreas ricas.

Mas, independentemente de quaisquer fatores, a verdade é que o carioca se sente mais inseguro que um sujeito que mora, por exemplo, em Nova Iguaçu. Para isso, há outros fatores, como a síndrome do peixe-piloto, como diz um amigo meu. Como esse peixe, que vive ao lado dos tubarões para se alimentar das migalhas que escorrem pela sua bocarra, os lugares onde há mais riqueza atraem mais pessoas pobres, que vivem dos subempregos, da subserviência e de outros subs.

Isso faz com que a percepção dos "formadores de opinião", a.k.a. "classe média", que de média não tem nada, seja de perigo constante e iminente. Qual é a verdade, nesse caso? Adianta saber que temos menos, muito menos, homicídios proporcionalmente que qualquer cidadezinha pequena rural, em que haja disputas de terras? Não muito. Portanto, esses dados estatísticos não servem para dar o grau de segurança de um lugar - nem, talvez, de violência, já que medem um dos tipos de crime.

Para mensurar essa percepção, talvez fosse necessário criar um outro tipo de indicativo, mais qualitativo. Assim como fazem as grandes empresas quando querem avaliar a receptividade de um determinado produto. Mas isso seria muito mais caro.

E, talvez, fosse necessário os poderes públicos e privados mostrarem mais como funciona esse tipo de pesquisa apenas para deixar os cidadãos mais tranqüilos em relação ao lugar onde vivem.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Provi

A história da morte dos três garotos do Morro da Providência só piorou de sábado para domingo. A primeira informação era: os jovens tinham sumido. Os moradores acusavam os militares. Já era ruim a desconfiança cair sobre o Exército. Nota oficial da força armada negou envolvimento e disse que tinham liberado os três, após revista. Protesto, ônibus queimados, tiroteio, empurra-empurra, violência.

No dia seguinte, a partir da tarde, o caldo foi azedando aos poucos. Primeiro acharam os três corpos jogados num lixão em Caxias. Em seguida, mais protesto, passeata, acusações, confusão e, novamente, violência. Ou seja, os militares tinham, certamente, ligação com, não um desaparecimento momentâneo, i.e., seqüestro, mas com a morte de três caras que tinham menos que a minha idade.

À noite, a pior notícia – para os militares, porque, para todos, a pior havia sido ter encontrado o corpo deles em um lixão. A tropa levou os meninos para a Mineira, cujos traficantes são rivais dos da Providência. Ou seja, além de seqüestro, homicídio, ligação com traficantes de drogas. (Também vale ressaltar a irracionalidade dos traficantes que se matam – com requintes de crueldade - apenas porque são de outro endereço. Algo só comparável a idiotice das guerras entre torcidas organizadas – muitas vezes do mesmo time!)

Na segunda, se descobriu que os sujeitos foram torturados, tiveram – dois deles – as mãos cortadas fora e o outro, a perna. E, então, chegamos ao fundo de uma história triste, muito triste. Não sem antes ter mais protesto em frente ao quartel general do Exército, tiros, bombas, fogo, pedras, violência

O assunto chocou muitas pessoas, e de diferentes classes sociais, por motivos variados e que fogem da obviedade. Os garotos, dois com alguma passagem na polícia, um terceiro, com familiares envolvidos com o tráfico de drogas, foram levados pelos militares a um capitão por terem desacatado a tropa. O oficial disse que deveriam soltá-los. Mas o tenente não aceitou as ordens superiores e decidiu, by his own, aplicar uma lição nos garotos. Encontramos outro problema: a insubordinação.

Se coloquei no parágrafo que eles não eram santos, foi para deixar claro que, nem se eles tivessem cometido o pior dos crimes – pensem em algo escabroso – a atitude dos militares deveria ser essa. Primeiro pela ilegalidade – óbvia – segundo pela crueldade.

Mas a questão chocou a classe média simplesmente porque, órfãos da ditadura, ainda acreditavam que os militares, e o Exército é a arma mais representativa das três, seriam a última alternativa para resolver o problema da insegurança pública. Como se pensassem, "quando os militares tomarem os morros, tudo vai funcionar". Ou, "quero ver os traficantes encararem o Exército".

Agora a ilusão de que as fardas são a salvação terminou. Descobrimos que os militares são tão ruins e cruéis como qualquer outro funcionário da segurança pública que vive nas ruas, em contato com traficantes, milicianos, bicheiros e outras corporações ilegais.

Além de percebermos que compartilhamos da culpa no episódio da tortura e da morte dos três rapazes ao apoiar ou desejar que os militares combatessem o tráfico nos morros (ou seja, bem longe "da gente"), nos sentimos sem hipóteses para resolver o problema da criminalidade. Como se tivéssemos jogado nossa última carta. Estamos, agora, sozinhos e sem esperança alguma. Sobrou apenas o pessimismo.

domingo, 8 de junho de 2008

Europeus pré-colombianos na américa

Curiosidades:

http://en.wikipedia.org/wiki/Newfoundland_%28island%29

http://en.wikipedia.org/wiki/John_Cabot

http://en.wikipedia.org/wiki/Hy-Brazil

e em espanhol:

"Otras teorías sostienen que Colón había oído, por
habladurías de marinos, de la existencia de tierras mucho más cercanas
a Europa de lo que se suponía científicamente que estaba Asia y que
emprendió la tarea de alcanzarla para comerciar sin depender de Génova
ni de Portugal.

Específicamente, la teoría del prenauta sugiere que durante el tiempo
que Colón pasó en las islas portuguesas del Atlántico, se hizo cargo
de un marino portugués o español moribundo cuya carabela había sido
arrastrada desde el golfo de Guinea hasta el Caribe por las
corrientes. Para algunos investigadores podría tratarse de Alonso
Sánchez de Huelva. Esta teoría sugiere que el prenauta le confió a
Colón el secreto. La prueba más contundente a favor de esta teoría son
las Capitulaciones de Santa Fe, ya que hablan de las tierras
"descubiertas" al tiempo que otorgan a Colón una serie de privilegios
no otorgados hasta entonces a nadie. [cita requerida]

Aunque es sabido que los siberianos habían llegado a América en el
Pleistoceno, y que lo mismo hicieron los vikingos cerca del siglo XI,
es a partir de los viajes de Colón y otros exploradores y
conquistadores que lo sucedieron cuando se establecieron vínculos
permanentes y puede hablar de descubrimiento, al tener reconocimiento
de las naciones implicadas y testimonios contrastables en la época."

Daqui.

ps.: Leif Eriksson

Tchurma

"Colombo e la sua ciurma furono accolti con grande cortesia e condiscendenza dai Taino, la tribù abitante dell'isola."

Depois dizem que inventamos alguma coisa. Daqui.