sábado, 20 de junho de 2009

Música de uma geração


Estava indo embora de Londres, depois de 32 dias viajando, entre Índia e a capital do Reino Unido, cansado, com malas pesadas, quando, lendo o jornalzinho do metrô - que se autoproclama o de maior tiragem da cidade - dei de cara com a seção de música. Pensei em lê-la porque a Inglaterra é famosa por suas novidades. Imagina se eu conhecesse algo ótimo que eu não tivesse a ideia da existência?

Foi o que aconteceu, em parte. Sim, havia uma novidade, a dica em destaque do jornal, inclusive, mas não, eu não desconhecia o cantor em questão. Já tinha lido uma matéria sobre ele há tempos, mas como o personagem principal de uma outra história.

Além da sua história pessoal ser de muito interesse para mim, por diversos motivos, já tinha ficado, na época da reportagem, curioso em conhecer a música de Yoñlu, conhecido pelos pais como Vinícius Gageiro Marques.

Uma das primeiras coisas que fiz ao chegar em casa foi escutá-la. Estou impressionado desde então. É voz-e-violão, na maioria das vezes, mas sempre utilizando elementos para criar sobre essa estrutura. Ele usa samplers de discursos famosos e outros completamente desconhecidos, batidas eletrônicas, teclados, modifica a sua voz para dar tons cavernosos... Esses argumentos acumulados não devem, pelos menos não deveriam, convencer ninguém a escutá-lo.

O que me interessou, mesmo, foi... Eu escuto a música e me sinto dentro do quarto do menino de 16 anos, não um quarto real, mas um quarto metafórico, que tem mais a ver com a cabeça do garoto que qualquer outro lugar. Sinto os seus objetos pessoais me circundarem, levitando, vejo o rapaz com o violão gravando cada uma das músicas, sozinho, apenas com o auxílio do computador. Sua música cria imagens fantasmagóricas na minha cabeça. E é tudo tão triste, tão triste...

Yoñlu faz parte de um grupo de artistas, de pessoas, que escolheu interromper a vida. Não podemos nunca recriminá-lo. Essa decisão não é diferente da oposta - continuar vivendo. Mas dessa forma, ele consegue fazer o álbum definitivo, talvez de sua geração. O disco que vai ser o marco e que será lembrado - espero - no futuro como o representante do nosso tempo.

domingo, 14 de junho de 2009

Tributo a Jorge Luis



ps. só não dá para aturar o Othon Bastos descaradamente lendo os textos para a interpretação.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ainda o Frederico

Frederico nem é o sujeito que me chama mais a atenção na pós (este posto está reservado para o Emanuel), mas ele não deixa de marcar os seus gols. Essa história de vontade da potência é excelente. Pois senão, vejamos:

Partindo de um conceito do Tio Schop (daí o termo "vontade", original do famoso "o mundo como vontade e representação"), Frederico diz que vivemos sempre em uma conflito de forças, poderes, potências, em que há uma hierarquia, i.e., um(a) é mais forte que outro(a).

Ele diz que isso, esse conflito, é salutar para a produção da arte. Cool.

Estar em equilíbrio, portanto, segundo a minha conclusão própria, é uma espécie de utopia. Porém custa nada continuar tentando. Mas Fred sugere que quem se acostuma com as molezinhas, com as faltas de dificuldades, não produz nada.

Por isso, de tempos em tempos, é necessário dar uma sacodidela, levantar a poeira, e dar a volta por cima. É o que fiz. procurei o desconforto, para me acostumar a novas situações.