sábado, 31 de julho de 2010

Realidade e / é ficção

Para Platão as sombras que vemos contrastam com a realidade das idéias. Para o cristão medieval este vale de lágrimas contrasta com a realidade divina. Para o renascentista o sonho dos sentidos contrasta com a realidade despertada do pensamento. Para o barroco o teatro do mundo tem a realidade matemática por bastidores. Para o romantismo o mundo como minha representação brota da realidade da vontade. Para o impressionismo o como se do mundo contrasta com a realidade do Eu transcendente. Mas para Wittgenstein (e para Einstein, e para Kafka, e para Sartre, e para Mondrian, e para Beckett, e para Hitler, e para os Beatles, e para a juventude da rua Augusta, e para o leitor e para mim) não há termo de comparação para a ficção que nos cerca. A ficção é a única realidade.
Vilém Flusser, filósofo tcheco-brasileiro. Daqui (vale a pena ler todo o artigo).
ps. Se alguém se interessar pelo moço, haverá um seminário sobre ele em agosto.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Duas horas em 'Uma noite em 67'

Há três aspectos que me chamaram a atenção no documentário "Uma noite em 67", do Renato Terra e do Ricardo Calil. Primeiro e mais óbvio, o humor. É um filme leve, gostoso de se ver, mas sem ser pueril. O que foi também surpresa para os diretores mesmo, segundo contaram.

O segundo é a qualidade dessa geração. Incrível ter em um mesmo palco Caetano, Gil, Chico, Edu - só para ficar nos que foram mostrados. Mas não parece um doc saudosista. O Calil comentou o aspecto:

A gente nunca quis fazer um filme saudosista. Não queria colocar ninguém dizendo que 1967 foi o melhor ano da música brasileira, e não se repete mais. Se as pessoas quiserem chegar às conclusões dela, que cheguem por elas mesmas, não tem ninguém falando isso para elas. A gente acha que tem música boa, tem uma geração muito boa. Hoje em dia não tem uma televisão dando o seu horário nobre todos os dias da semana para a música brasileira de qualidade. E dando uma vitrine para uma geração privilegiada. A gente tem uma geração muito boa hoje, que não tem uma vitrine tão ampla quanto aquela.

E também a forma como mostrou a cara desses artistas muito conhecidos. Dessa vez foi o Renato:
Nos depoimentos e nas imagens de arquivo, eles revelam muito como artistas. Caetano é aquele cara mais intelectual, mais cerebral, que está pensando em coisas que vão além da música, o tempo todo. O Chico é um cara brincalhão e que tem uma obra musical densa, relevantíssima. O Gil, que já é um cara mais sensível ao seu tempo, à sua vida. E o Edu, que é o 'músico-músico', que se dedica à música. O filme consegue dar a dimensão de quem é cada um.

domingo, 25 de julho de 2010

Super-homem nietzscheano

To pensando em fazer uma história em quadrinhos em que um super-homem nietzscheano é amigo dos trigêmeos: Javé, Alá e Adonai.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Kafka inédito

É hoje. Hoje que o mundo pode descobrir novas obras-primas de Kafka. Uma caixa com manuscritos inéditos do autor tcheco-judeu-que-escrevia-em-alemão será aberta em um banco suíço.

O legado de Kafka é um tema interessante. Para começar, ele tinha pedido ao seu amigo Max Brod que o queimasse, assim que morresse. Como se percebe, não foi o que aconteceu. Brod se mudou para Israel, portanto o Estado judaico acredita que o trabalho do autor de "O processo" pertence a ele. Mas, a Alemanha, também. E a caixa está na Suíça.

Mais informações sobre os inéditos e toda a batalha judicial (kafkiana?) aqui.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Bundas

“Mulheres de quadris estreitos que, contudo, acumulem gordura abaixo da cintura têm uma mais espetacular projeção das nádegas, especialmente quando combinada com uma lordose moderada, ou seja, uma acentuação da concavidade lombar.”

Dian  Hanson, editora de "The big butt book" explica por que umas mulheres são melhores que outras.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Bordões de 'Tropa de elite 2"

"Não vou tirar o crédito do [diretor José] Padilha. [O bordão] Cresce da curiosidade. Você está lá e o Padilha pergunta o que você acha que é o mais legal para ser dito nesse momento para construir esse diálogo? Mostra aí para mim: ficou muito bom. Por exemplo, naquela cena do ‘Tropa de elite 1’: ‘essa pica não é minha, essa pica é do aspira’, o ‘pica’ é do Padilha. Eu falava ‘essa merda não é minha...”. Ele falou: ‘põe a pica’. Falei: ‘legal’. No final de tudo, pensei que, já que estou tocando a ‘pica’, após isso, eu vou atender o celular e falar: ‘fala, meu amor’, viro as costas e vou embora. Ele disse: ‘do caralho’."

Do ator Milhem Cortaz que, junto com o roteirista Bráulio Mantovani, contou como nascem os bordões de "Tropa de elite".

Outra fala dele, fora do contexto, mas ainda assim muito boa é:
 Ator é muito cafona, né. A gente tem ideias e o diretor está lá para equalizar essas ideias cafonas que a gente tem. Para mim, o grande diretor é aquele que deixa, durante os ensaios, jogar para fora todas as suas cafonices. E você perder a vontade de usá-las.