Mais milhares de anos pelo caminho que segue o último século! - E em tudo o que o homem fizer, a mais alta sabedoria será visível: mas justamente por isso a sabedoria terá perdido toda a sua dignidade. Será então certamente necessário ser sábio, mais será coisa tão comum, tão vulgar, que um espírito com um gosto um pouco acima da média poderá considerar essa necessidade uma grosseria. Do mesmo modo que uma tirania da verdade e da ciência seria capaz de conferir valor à mentira, da mesma forma que uma tirania da sabedoria poderia fazer germinar um novo gênero de nobreza de alma. Ser nobre - seria talvez então ser louco. - Nietzsche, em "A gaia ciência".
Entre as muitas formas de interpretar esse aforismo nietzschiano, eu gosto de ressaltar um trecho que me pareceu o mais visionário, em que ele afirma, no futuro, que ser sábio "será coisa tão comum, tão vulgar". De certa forma, é cansativo conviver com tanta gente que sabe tudo sobre tudo. Ou que se expõe como se soubesse - o que no fundo é a mesma coisa.
Cada vez mais, repito a frase - fora de seu contexto original - da antípoda de Nietzsche, Sócrates, quando disse: "só sei que nada sei". E isso não é mais tão angustiante como costumava ser.
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