quarta-feira, 4 de julho de 2018

A Inglaterra, a Copa e a cagação de regra

Palavras em inglês para rir / sorrir / gargalhar etc.:

- laugh
- smile
- simper [sorrir afetadamente]
- smirk [sorrir maliciosamente]
- sneer [sorrir desdenhosamente]
- snicker (us), snigger (uk) [rir dissimuladamente, entredentes]
- whicker [rir entredentes]
- giggle [dar risadinhas, riso tolo]
- titter [uma risadinha nervosa]
- cackle [cacarejar]
- grin [sorrir amplamente]
- LOL [rsrsrs, kkkk, hahahaha]
- chortle [cachinar, gargalhar de modo ruidoso]
- chuckle [rir discretamente]
- guffaw [gaitada, risada ruidosa]
- howl [uivar, mas também gargalhar]
- roar [rugido, mas também gargalhar]
- crack up [morrer de rir]
- horselaugh [risada áspera]
- derision [riso de chacota]
- buckle up [rolar de rir, se dobrar de tanto rir]
- bust a gut [rachar o bico]
- kill, slay [matar de rir]
- tee-hee [rir de alguém, zombar]

...

Mesmo que tenhamos palavras bem específicas em português para esse ato de demonstrar o humor que nos atravessa [como as recém descobertas "cachinar" e "gaitada"], aparentemente o inglês se esforçou para criar mais palavras para esse afeto. Se seguirmos a lógica de que criamos as palavras a partir das nossas necessidades de nomeá-las, talvez podemos perceber que os ingleses e os seus descendentes encontraram mais áreas cinzas entre o riso, o sorriso e a gargalhada.

Ou eles são mais desdenhosos, dissimulados, maliciosos [como mostra a tradução de algumas das palavras listadas]. Ou simplesmente irônicos, para usar uma única palavra. Mas irônicos no sentido de se sentirem numa posição de superioridade, planando acima dos demais seres, sem vontade de se dignar a tratar com os outros, simples mortais. Isto é, ironia como arma retórica de distanciamento, frieza e, como se dizia lá em Nova Iguaçu, mascaramento.

Quando eles refletem essa ironia sobre si, o resultado é geralmente um humor de alta octanagem - mas que, talvez, no fundo, demonstre apenas que eles não são perfeitos como eles imaginavam que eles deveriam ser. Uma decepção consigo mesmos.

Sei lá, pensei nessas coisas após o jogo da Inglaterra e Colômbia, em que os ingleses [e os colombianos] catimbaram, simularam, fingiram, atuaram, mentiram, interpretaram, mesmo após cagarem uma regra imensa sobre os exageros do Neymar.

Um dia ainda hei de escrever que o pior problema da atualidade, em qualquer latitude e longitude, é o proselitismo.

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