quarta-feira, 24 de novembro de 2021

A dificuldade em pagar as contas

Manter-me nesses últimos anos – isso foi talvez o mais difícil que o meu destino até agora me exigiu. Depois de um tal brado, como foi meu Zaratustra, desde o mais íntimo da alma, não ouvir nenhuma voz de resposta, nada, nada, sempre a solidão sem voz de mil faces – isso é sobremaneira terrível, nisso pode sucumbir ‘até o mais forte’! Ah, eu não sou o mais forte! Meu ânimo está, desde então, ferido; admiro que ainda vivo. Mas não há dúvida de que eu vivo: quem sabe o que ainda tenho que vivenciar!

Carta de Nietzsche a F. Overbeck, de 17 de junho de 1887. KSB 8, n. 863, p. 93s. 

Te entendo, Nietzsche. Te entendo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

'Prometeu', de Goethe

 Encobre o teu céu, ó Zeus,

Com vapores de nuvens,

E, qual menino que decepa

A flor dos cardos,

Exercita-te em carvalhos e cristas de montes;

Mas a minha Terra

Terás que deixar,

E a minha cabana, que não construíste,

E o meu lar,

Cujo braseiro

Me invejas.

Nada mais pobre conheço

Sob o sol do que vós, ó Deuses!

Mesquinhamente nutris

De tributos de sacrifícios

E hálitos de preces

A vossa majestade;

E morreríeis de fome, não fossem

Crianças e mendigos

Loucos cheios de esperança.

Quando era menino e não sabia

Pra onde havia de virar-me,

Voltava os olhos desgarrados

Para o sol, como se lá houvesse

Ouvido pra o meu queixume,

Coração como o meu

Que se compadecesse da minha angústia.

Quem me ajudou

Contra a insolência dos Titãs?

Quem me livrou da morte,

Da escravidão?

Pois não foste tu mesmo que tudo conseguiste

Ó sagrado e ardente coração?

E jovem e bom – enganado

Ardias àquele que lá em cima dormia

Agradecido pela salvação?

Eu venerar-te? E por quê?

Suavizaste tu alguma vez as dores

Do oprimido?

Enxugaste alguma vez as lágrimas

Do angustiado?

Pois não me forjaram Homem

O Tempo todo-poderoso

E o Destino eterno,

Meus senhores e teus?

Pensavas tu talvez

Que eu havia de odiar a Vida

E fugir para os desertos,

Porque nem todos

Os sonhos em flor frutificaram?

Pois aqui estou! Formo homens

À minha imagem,

Uma estirpe que a mim se assemelhe:

Para sofrer, para chorar,

Para gozar e se alegrar,

E pra não te respeitar,

Como eu!

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Toward a theory of schizophrenia, Bateson et all

Given this inability to judge accurately what a person really means and an excessive concern with what is really meant, an individual might defend himself by choosing one or more of several alternatives. He might, for example, assume that behind every statement is a concealed meaning which is detrimental to his welfare. He would then be excessively concerned with hidden meanings and determined to demonstrate that he could not be deceived --as he had been all his life. If he chooses this alternative, he will be continually searching for meanings behind what people say and behind chance occurrences in the environment, and he will be characteristically suspicious and defiant.

Entendo.